Relatório de inflação é o destaque da próxima semana

O evento mais esperado na agenda econômica do Brasil da próxima semana ainda não tem uma data certa para ocorrer. Trata-se do relatório trimestral de inflação, um dos principais instrumentos de comunicação entre o Banco Central e o mercado e que deverá, espera-se, trazer pistas de como o BC está avaliando a conjuntura econômica e quanto a leitura dos dados poderá influenciar os próximos passos da política monetária. Por enquanto, sabe-se apenas que a data-limite para o anúncio do documento é a sexta-feira, dia 29.

Mas a semana começa com o BC anunciando, na manhã da segunda-feira (25), o relatório de mercado, mais conhecido como Pesquisa Focus, que traz as medianas das expectativas de quase uma centena de instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos do País.

Além de pressões vindas de alguns produtos específicos como trigo, leite e seus derivados, em decorrência de um choque de oferta deflagrado por uma forte seca na Austrália, todos os indicadores de atividade têm refletido o aquecimento da demanda doméstica. Sem contar que já é quase consenso entre os analistas do mercado que o câmbio tem muito pouco a dar no sentido de conter o ímpeto inflacionário. Isso porque, mais do que o valor da moeda, é a variação na paridade do dólar com o real que interfere na formação dos preços. E esta variação já tem se dado mais no campo da sintonia fina. Avaliações sobre estes temas são aguardadas no relatório de inflação.

Ainda no terreno da inflação, na segunda-feira a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulga a inflação apurada ao longo da terceira quadrissemana do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S). Na quadrissemana anterior, o IPC-S registrou um aumento médio de 0,40% nos preços ao consumidor. As mesmas pressões que se têm feito presentes nos demais indicadores de inflação devem pressionar a terceira tomada de preços no âmbito do IPC-S.

No mesmo dia, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MIDC) informará o saldo entre as exportações e as importações na balança comercial entre o Brasil e seus parceiros espalhados pelo mundo. Os dados darão conta de como se comportou a corrente de comércio na quarta semana de junho. Na anterior, a balança registrou um superávit de US$ 656 milhões.

Na quarta-feira (27), será a vez da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) informar a taxa de variação dos preços ao consumidor no município de São Paulo. O IPC-Fipe fechou na segunda quadrissemana de junho com uma alta de 0,49%. Esta taxa é a mais alta desde o começo de maio e levou o coordenador do índice, Márcio Nakane, a revisar para cima a sua projeção para o fechamento do mês, de 0,40% para 0,58%.

Vale lembrar que, na quarta-feira, o mercado financeiro ficará bastante atento à reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que poderá definir, entre outros pontos importantes, a meta de inflação estipulada para a inflação do País em 2009. No mercado financeiro, há diversas opiniões sobre a manutenção ou a redução do que vem sendo usado como parâmetro pelo Banco Central para a condução de sua política monetária. Em 2007 e 2008, as metas centrais estabelecidas foram de 4,50%, com tolerância de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo. Além das opiniões sobre uma futura alteração na meta central, há economistas no mercado que defendem modificação na banda, para, por exemplo, 1 50 ponto porcentual, para baixo ou para cima do ponto central.

Ainda na quarta-feira, o Tesouro Nacional deve divulgar resultado fiscal primário do governo central. Os dados setor público consolidado, que inclui os números do governo central, mais os dados dos Estados, municípios e estatais federais, serão anunciados ma quinta-feira, pelo Banco Central. Na mesma quinta-feira, a FGV volta à cena para dar conta da inflação de junho pelo Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M). Em maio, a inflação por este indicador foi de apenas 0,04%.

Exterior

A reunião do Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc), na quarta-feira e na quinta, deverá concentrar as atenções dos mercados na próxima semana nos Estados Unidos. A agenda inclui índices de atividade dos distritos do Fed, dados de vendas de imóveis residenciais usados e novos, índices de confiança do consumidor da Conference Board e da Universidade de Michigan, a revisão final do PIB do primeiro trimestre e os dados de renda pessoal e gastos com consumo referentes a maio (acompanhados do índice de preços dos gastos com consumo).

Cinco bancos centrais da Europa têm reuniões de política monetária na próxima semana (Hungria, Eslováquia, Polônia, Noruega e República Checa). Entre os eventos de destaque no continente estão ainda a mudança na chefia do governo do Reino Unido, na quarta-feira, e a passagem da presidência rotativa da União Européia da Alemanha para Portugal, no fim da semana.

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