As mudanças que deverão ocorrer nas legislações trabalhista e sindical serão pautadas pelas sugestões de entidades de classe. Para isso, será realizada em cada estado uma Conferência do Trabalho, que vai reunir as principais reivindicações, de patrões e empregados, para ser analisado pelo governo federal durante o fórum nacional, que deve acontecer até o final do ano. Ontem, em Curitiba, foi formada a comissão que será responsável pela conferência no Paraná.
O encontro aconteceu na Delegacia Regional do Trabalho, e contou com as presenças de representantes das centrais sindicais, federação de trabalhadores na agricultura e indústria, associação de advogados e magistrados, Ministério Público do Trabalho e Dieese. De acordo com o delegado regional do Trabalho no Paraná, Geraldo Serathiuk, as discussões nas conferências são um avanço nas questões sociais no Brasil, “pois anteriormente as mudanças que ocorriam na legislação trabalhista eram feitas por uma comissão de notáveis, que muitas vezes não tinham conhecimento suficiente para tratar do assunto”.
Segundo Serathiuk, as discussões no Paraná não deverão fugir da agenda nacional, que envolve temas como modelo de organização sindical, negociação coletiva e composição de conflitos, legislação e processo do trabalho e formas de geração de renda. Para o representante de Força Sindical, José Carlos Trizott, isso representa um avanço nas relações trabalhistas. Porém, a expectativa é que essa discussão estabeleça mecanismos para dificultar o surgimento de entidades preocupadas somente com a arrecadação.
Para o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), Ademir Mueller, a categoria está vendo com cuidado essa discussão, já que teme que a classe perca outros direitos, como aconteceu com a flexibilização dos direitos trabalhistas, que igualou os trabalhadores rurais e urbanos. Outro fator que deverá ser analisado, comenta Mueller, são dados divulgados pelo Dieese que apontam o trabalhador rural do Paraná, na média do País, como o que menos ganha. Já a classe empresarial, na média nacional, é a que mais ganha. “Precisamos estar atentos a essas mudanças para podermos orientar os trabalhadores e mudar esse panorama”, disse.