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Foto: Agência Brasil

Stephanes com o ex-ministro Guedes: ouvir a todos e entender os críticos.

Brasília – O novo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, reiterou ontem, ao assumir o cargo, o propósito de seguir a recomendação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ?de olhar para aqueles que não podem estar aqui representados e por aqueles que mais precisam do governo?. ?Devo entender a importância do agronegócio e da pequena propriedade familiar como base do desenvolvimento?, afirmou ele, que substitui no comando da pasta a Luís Carlos Guedes Pinto. Destacou ainda sua disposição para o entendimento e relacionou ?as questões sensíveis? que se apresentam, como defesa agropecuária, preservação ambiental, produção de bioenergia e dívidas agrícolas.

?Como homem público, devo ouvir todos e, inclusive, compreender os críticos. Devo procurar a conciliação e a harmonia, mas, se necessário, tomar decisões mesmo que contrariem interesses de determinados segmentos?, disse Stephanes, durante a concorrida solenidade realizada no térreo do Edifício Anexo no Ministério da Agricultura. ?Mesmo que tenha de me colocar à frente das reivindicações e dos legítimos interesses do setor agrícola e, muitas vezes, ter opiniões conflitantes com outras áreas de governo, devemos demonstrar capacidade de negociação e entendimento com os demais setores responsáveis pelo desenvolvimento.?

Momento favorável

Stephanes assinalou ainda que assume o cargo num momento favorável à agricultura brasileira, com uma boa safra e, de forma geral, com bons preços. ?Sei que, após as dificuldades das últimas seis safras, três de inverno e três de verão, uma safra não é suficiente para recuperar o setor. Mas já é um bom começo.?

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Entre as prioridades da gestão de Stephanes, estão a defesa sanitária animal e vegetal; agricultura e o meio ambiente; produção de bioenergia a partir de álcool e biodiesel; biotecnologia; endividamento do setor rural e taxa de juros agrícolas; agregação de valor aos produtos agropecuários; consolidação da política de preços mínimos e seguro agrícola; infra-estrutura; e negociações internacionais.

O ministro enalteceu o trabalho realizado por seus três antecessores, os ex-ministros Guedes, Roberto Rodrigues e Pratini de Moraes. ?Ou seja, uma sucessão de boas gestões. Sei que recebo o encargo de dirigir um ministério com um plano estratégico e com propostas de aperfeiçoamento da política agrícola.?

Paranaense entende que PMDB dividido vai ficar para a história

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Brasília (AE) – No único comentário político na entrevista concedida após a transmissão de cargo, o novo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que a divisão dentro do PMDB, que marcou praticamente todo o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ?vai ficar para a história?. Prova disso será uma reunião de representantes do partido, que tem agora cinco ministérios, na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), prevista para esta semana. ?A reunião na casa do Renan é uma demonstração da união e da vitalidade do partido que, na convenção nacional, contou com mais de 80% dos convencionais?, disse Stephanes.

Entidades do Paraná otimistas com nomeação

Lyrian Saiki

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Reinhold Stephanes, assumiu ontem o cargo sob uma difícil missão: a de atender a diferentes reivindicações do setor. E não são poucas. Depois de duas quebras consecutivas da safra – só no Paraná, a perda chegou a 13 milhões de toneladas de grãos – e da crise da febre aftosa, que impede até hoje Estados como o Paraná e o Mato Grosso do Sul de exportar carne bovina, suína e aves, são inúmeras as urgências do agronegócio. No Paraná, entidades do setor não escondem o otimismo quanto ao novo ministro.

?Stephanes é um excelente gestor público. É um bom ouvinte, um bom articulador, que vai dar o apoio necessário ao setor?, acredita o presidente do Sistema Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), João Paulo Koslovski. Para ele, o fato de o novo ministro não ser da área -como alegou a bancada ruralista à época da indicação de seu nome para a pasta – não impede que Stephanes exerça bem a função. ?O importante é que ele seja um bom articulador, tenha uma boa relação com o ministro da Fazenda. E ele tem esta postura de fazer as coisas acontecerem.?

Segundo Koslovski, a diretoria da Ocepar vai pedir audiência com o novo ministro na segunda quinzena de abril. A idéia é apresentar uma proposta estruturante para o setor, que já havia sido levada ao governo federal.

A medida mais urgente, segundo Koslovski, diz respeito à definição de política para o trigo. ?O Paraná já iniciou o plantio de trigo, mas ainda não há regras fixas, preço mínimo estabelecido?, apontou. O segundo ponto trata da sanidade pecuária. ?O Paraná precisa da liberação definitiva para voltar a exportar. Queremos que se estruture um programa de sanidade agropecuária.?

O terceiro ponto diz respeito à criação de um ?fundo de proteção de crédito rural? e de um ?programa de garantia de renda?. Outras reivindicações do setor são a desoneração tributária – principalmente sobre insumos, serviços e produtos – e a discussão do plano safra 07/08. ?Pleiteamos reduzir os juros de custeio dos atuais 8,75% ao ano para 4,5% ao ano.?

Aftosa

Para o presidente do Sindicato da Indústria de Carne no Paraná (Sindicarne-PR), Péricles Salazar, as expectativas ?são promissoras? em relação ao novo ministro. ?É um homem experiente, conhece o agronegócio brasileiro e pode articular de forma mais ágil a demanda do setor?, afirmou.

A principal urgência, apontou Salazar, é a liberação do Estado para que retome as exportações de carne bovina, suína e de aves. ?O Paraná fez a lição de casa, sacrificou os animais (cerca de 7 mil) em março de 2006. Já faz um ano e até agora não conseguimos retomar as exportações. Também não há previsão de quando isso vai acontecer?, afirmou Salazar. Segundo ele, o Ministério da Agricultura não irá apresentar o relatório à OIE (Organização Internacional de Epizooties) na próxima reunião, em maio, o que gera preocupação.

O presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura no Estado do Paraná (Fetaep) – entidade que representa os agricultores familiares -Ademir Mueller também deposita confiança. ?Esperamos que ele ouça as entidades não só do Paraná. E que ele de fato dê atenção à agricultura familiar, como disse Lula?, afirmou. Entre as reivindicações do setor, Mueller destaca a disponibilização de mais recurso tanto para custeio como para investimento, o abrandamento da lei fitossanitária para a agricultura familiar, a melhora do preço mínimo dos produtos. No Paraná, há 320 mil propriedades rurais de até 50 hectares, que envolvem cerca de 800 mil pessoas.

Diálogo

Para o vice-governador Orlando Pessuti, a expectativa é que o diálogo entre os governos estadual e federal melhore. ?Certamente o ministro estará com freqüência no Paraná para que possamos aprimorar o nosso relacionamento, fazer da nossa conversa uma constante e que isso signifique realmente uma ação mais forte do governo federal no que diz respeito ao agronegócio, à agricultura de pequeno e médio portes e, principalmente, à agricultura familiar no Paraná?, salientou.