São Paulo (AE) – As regionais da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav) de todo o País deverão entrar com liminar na Justiça ainda nesta semana para barrar a redução das comissões, aplicada pela Gol desde o início do ano. Em encontro que reuniu representantes de seis entidades do setor ontem, em São Paulo, o fundador da Abav, Goiaci Alves Guimarães, defendeu a suspensão por tempo indeterminado da venda de passagens da empresa pelos agentes de viagem, e não apenas ontem, data que foi formalizada como de protesto contra a nova política comercial da companhia.
A estimativa inicial do executivo é de que pelo menos 9 mil passagens deixem de ser vendidas por conta do boicote desta terça, que na sua opinião deverá trazer conseqüências financeiras para a companhia mais cedo ou mais tarde. Segundo Guimarães, que é dono de uma das maiores consolidadoras de São Paulo, a Rextur, a redução das comissões foi a gota d?água e trouxe à tona uma série de insatisfações do setor em relação à empresa.
O objetivo das entidades é pressionar uma reestruturação administrativa da Gol, que na sua opinião faz ?dumping? (venda abaixo do preço de custo) de mercado. Para Guimarães, a companhia está dando 50% de desconto em todas as novas rotas iniciadas pela Varig, como forma de ganhar mercado. ?O SDE (Secretaria de Direito Econômico) deveria ficar mais atento a esse tipo de atitude?, disse.
Tarifa média
O executivo apresentou ainda um levantamento feito por agentes de que a Gol tem a tarifa média mais alta do mercado. ?Em dezembro, a tarifa média praticada pela empresa foi de R$ 432,89 contra R$ 377,99 da TAM, R$ 318,07 da Varig e R$ 281,23 da Ocean Air?, disse.
Os representantes das entidades também classificaram a Gol de fazer propaganda enganosa com as promoções de vendas de passagem a R$ 1,00. ?Nunca conheci uma pessoa que já tenha conseguido comprar passagem da empresa por esse preço?, desafiou Guimarães.
A falta de transparência na composição da planilha de tarifas da companhia aérea é mais uma das reclamações das entidades, que iniciaram uma verdadeira guerra contra a empresa, desde que a companhia anunciou a redução das comissões pagas aos agentes de viagem. ?A prática de tarifas médias estão longe de serem low fare (preço baixo)?, afirmam.
Também participaram do encontro representantes da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), do Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais (Favecc) da Federação Nacional de Turismo (Fenactur), do Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo (Sindetur-SP) e da Associação das Empresas Administradoras de Viagens de Negócios do Brasil (TMC Brasil).
Anac debate repasse de comissão para agências
Rio (AE) – A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) abriu ontem consulta pública sobre a proposta de repasse às agências de viagens da comissão de 3% sobre as tarifas de embarque quando esses estabelecimentos venderem aos usuários passagens aéreas nacionais e internacionais. A Anac receberá, em sua página eletrônica (www.anac.gov.br), sugestões sobre a proposta até a próxima segunda-feira, às 18h.
A comissão de 3% já existe e atualmente fica com as companhias aéreas, independentemente de quem fez a venda dos bilhetes. As entidades que representam as agências de viagens pediram ao governo, em outubro do ano passado, que essa remuneração fique com as agências quando elas comercializarem os bilhetes. As companhias continuariam a receber somente nos casos de vendas diretas de passagens.
As tarifas de embarque são embutidas nos preços dos bilhetes aéreos e cobradas pela Infraero, estatal que gerencia os aeroportos do País, para aplicação na manutenção e recuperação de instalações aeroportuárias. Os valores das tarifas variam de acordo com a categoria dos aeroportos. Para embarques domésticos as tarifas vão de R$ 8,01 a R$ 19,62. Nos embarques internacionais, os valores vão de US$ 12 a US$ 36.
Em 2005, referência anual mais atualizada da Infraero, foram arrecadados cerca de R$ 3 bilhões em tarifas de embarque. Desse total, R$ 2 bilhões ficaram com a estatal, R$ 717,6 milhões foram destinados ao Comando da Aeronáutica, e R$ 231,3 milhões foram para os cofres do Tesouro Nacional.