Os especialistas em contas públicas frisam que ninguém gosta de reformas previdenciárias – a população, os governos, os políticos. Fazem de tudo para adiá-las. As razões são óbvias. “Todo mundo teme perder benefícios, o que é uma bobagem, pois não se mexe na vida de quem já se aposentou. Ainda assim, reformas são impopulares, geram desgaste político para quem promove e os ganhos ficam para os sucessores, que colhem os resultados da mudança lá na frente”, diz Marcelo Caetano, coordenador de Previdência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

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Para o Brasil, porém, ele vê um ganho imediato: melhoraria, indiretamente, a imagem do ajuste fiscal que tem gerado tanto desgaste para o governo. “Reformas previdenciárias servem como uma sinalização que um governo está mudando a sua postura em relação à política fiscal, com ajustes na Previdência que vão melhorar a trajetória das contas públicas, do déficit e da dívida: neste momento, para o Brasil, seria muito positivo”, diz Caetano.

As aposentadorias e os vários benefícios cobertos pela Previdência Social ficam com nada menos do que 40% do total do chamado gasto primário (aquele gasto que não inclui despesas com juros e é o foco de discussão do atual ajuste fiscal). E, se forem incluídos os benefícios do setor público e dos militares, a Previdência passa a responder por quase metade dos gastos. E o mais grave: são gastos intocáveis. Só podem ser alterados com mudanças em leis que precisam ser discutidas e aprovadas no Congresso.

Segundo Caetano, o País precisa entender que a recessão pressiona essa equação, que já é apertada, e pode levar a um colapso nas contas públicas. “Se nada for feito, em alguns anos poderemos ter o pior dos mundos: sermos obrigados a reduzir o valor de aposentadorias porque não há dinheiro para pagar a todos”, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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