Primeiro empresário a ter encontro com o presidente Jair Bolsonaro após a posse, o empresário Winston Ling sugeriu ontem a integrantes da equipe de governo uma ofensiva ousada de comunicação para explicar as necessidades da reforma da Previdência antes das ações do Planalto no Congresso. “É o ponto número um. Se não resolver essa reforma, o resto não vai funcionar”, afirmou ao Estado. “Eu acho que isso não está bem explicado para o público.”
Ling passou o réveillon na capital para cumprimentar Bolsonaro e o amigo e ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele foi um dos convidados na cerimônia de transmissão de cargos para ministros com gabinete no Palácio. Ele estava acompanhado da deputada eleita Bia Kicis (PSL-DF), uma das interlocutoras da Presidência, e de Guedes na discussão da reforma da Previdência com a bancada do partido e na Câmara. O empresário é filho de imigrantes chineses que fundaram o Instituto Ling, no Rio Grande do Sul. Ele mora atualmente na China, onde atua na abertura do mercado para produtos brasileiros e no movimento liberal.
Diante da experiência fracassada de publicidade em defesa da reforma previdenciária do governo Temer, que priorizou peças veiculadas em grandes veículos de TV e de internet, a ofensiva de comunicação proposta por Ling inclui a rede de apoio que atuou na campanha de Bolsonaro – na avaliação de auxiliares do presidente, essa rede precisa ser reanimada. O empresário defende que a campanha discuta a responsabilidade dos parlamentares em aprovar a reforma. “(O êxito) depende da forma de comunicação”, avaliou. “O Congresso vai aprovar se a opinião pública aprovar”, destacou. “Não existe uma unanimidade em relação às reformas como deveria. Nessa altura, ainda tem gente que não sabe que o País está quebrado.”
Ling ressaltou que tem como modelo de Previdência a capitalização (pelo qual os segurados contribuem para contas individuais, capitalizadas para pagar depois os benefícios). Ele reconhece que a proposta é “hiper radical”, mas diz ter expectativa de um “meio-termo”, uma “transição”. “Setores hoje privilegiados têm consciência (da necessidade das reformas), mas mantêm resistência”, disse. “E setores que pagam a conta não sabem que estão pagando a conta”, completou.
Em conversas reservadas no Planalto, o empresário não deixou de manifestar preocupação também com as discussões das reformas tributária e trabalhista. “Tem de flexibilizar mais”, afirmou.
O empresário avalia que o momento de “lua de mel” do governo precisa ser aproveitado. “Nesse momento de posse, todo mundo está mais otimista. Precisamos unir os apoios ao governo, às reformas”, afirmou. Ele disse que há uma expectativa de investidores externos em relação ao processo de mudanças e que investimentos começaram a ser avaliados. “Já tem muita gente se antecipando, porque existe otimismo de que as reformas serão aprovadas. Mas só se forem aprovadas é que virá o grosso dos investimentos.”