A reformulação da Organização Mundial do Comércio (OMC) será um dos temas centrais na reunião de ministros responsáveis por assuntos ligados ao organismo multilateral, que ocorrerá em Davos, na próxima sexta-feira. A avaliação foi feita pelo diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, momentos depois, no período da manhã desta quarta-feira, 23, de se encontrar com o ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, durante uma reunião bilateral no Fórum Econômico Mundial de Davos.
A administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem sido uma das principais críticas à atuação da OMC atualmente. Para Azevêdo, é possível atualizar o papel da entidade. “Estamos ainda vivendo o momento pós-G-20 (grupo das 20 maiores economias do globo), quando houve uma declaração política de compromisso com a reforma do sistema. [A OMC] É um sistema importante, que precisa responder aos desafios do mundo moderno e, para fazer isso a contento, tem que ser melhorado, aprimorado”, considerou.
O brasileiro disse esperar que todos os países membros da organização contribuam com o processo de renovação da entidade. “Vai ter mudança de curto, médio e longo prazos. Haverá coisas que podem ser coletadas mais cedo, outras que vão ter que esperar um pouco mais, e outras que são mais urgentes. Não é um processo que começa e termina no mesmo momento, será paulatino”, previu.
Sobre a reunião com Guedes, Azevêdo relatou que os dois conversaram basicamente sobre Davos e a mensagem que o Brasil levou para o meio econômico e empresarial de forma geral. “Há um longo percurso a ser percorrido em termos de implementação, mas a linha geral dos objetivos e metas foi bem apresentada. Pelo que tenho ouvido até agora, foi bem recebido pela comunidade econômica”, avaliou. “Acho que é um bom pontapé inicial”, acrescentou.
Elefantes
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, avaliou nesta quarta-feira que há “muitos elefantes” na sala do comércio internacional. “Tem uma manada”, brincou com jornalistas durante o evento na Suíça, sem citar países específicos.
A resposta bem-humorada veio quando o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o lembrou que há dois anos, no mesmo evento, ele havia dito que alguns membros da OMC precisavam de mais diálogo.
Na ocasião, a entidade multilateral começou a sofrer os primeiros ataques do presidente americano, Donald Trump, eleito em novembro de 2016. “Há vários [países nessa situação], mas o elefante na sala são os Estados Unidos, evidentemente”, declarou em Davos, em janeiro de 2017.
Nesta quarta, Azevêdo disse não se lembrar mais de seu comentário, mas afirmou que elefantes na sala da OMC “tem a toda hora”. Questionado, então, sobre como estava a proteção dos “cristais”, ele manteve o otimismo em relação ao organismo e suas atividades.
“Estão bem, estão se segurando ainda. De vez em quando rompe um ou outro, mas vamos repondo”, disse. O brasileiro foi efeito diretor da OMC em 2012 e, desde setembro de 2013, está à frente da instituição. Depois ele foi reeleito para o cargo por mais quatro anos, contando a partir de setembro de 2016.