O consumo no Brasil pode ser afetado pela piora nas condições do mercado de trabalho e pela reversão de isenções tributárias. A avaliação consta do Relatório Trimestral de Inflação, divulgado hoje (26) pelo Banco Central (BC).
Apesar desse risco, o BC considera que o consumo é o terceiro fator essencial que vai estimular a retomada da atividade econômica brasileira, afetada pela crise financeira internacional, que se agravou em setembro do ano passado.
Segundo o relatório, o consumo no país “está relativamente resistente, em função, em parte, do recuo da inflação”. Além da menor inflação, a compra de bens e serviços é estimulada pela melhora nas condições do crédito, que foi afetado pela crise com a redução da oferta.
Outro fator apontado pelo BC que vai contribuir para a retomada da economia é que o país ‘”está mais resistente a choques externos”. O relatório também cita a política monetária (atuação do BC para aumentar os recursos disponíveis na economia e o nível dos juros básicos) e os estímulos da política fiscal (atuação do governo com relação à arrecadação de impostos e gastos).
Além desses três fatores, o relatório cita melhora nas expectativas quanto ao desempenho da economia. “É importante mencionar que, em relação ao trimestre passado, o clima de confiança se alterou para melhor no país e parece emergir certo consenso de que o pior da crise já teria sido superado”, destaca o relatório.
Contudo, diz o relatório, permanece ainda razoável incerteza sobre as projeções de crescimento da economia. “O risco, nesse caso, é de que a recuperação seja mais lenta do que a contida nas projeções atuais”. Segundo o BC, os investimentos devem se recuperar lentamente e as exportações “continuarão sofrendo os efeitos de uma contração econômica global que ainda mostra sinais de persistência”.
Com relação à inflação, ainda há a possibilidade de um risco de elevação, devido “a mecanismos de reajuste que contribuem para prolongar no tempo pressões inflacionárias observadas no passado, como evidencia o comportamento dos preços dos serviços e de itens dos preços administrados, desde o início do ano”.
O BC reforçou que a os mecanismos de indexação de preços, mesmo que informais, “reduzem a sensibilidade da inflação às flutuações da demanda (procura por bens e serviços)”.