O sucesso do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e de outros BCs em reduzir a inflação e mantê-la em níveis baixos limitou o espaço da política monetária para combater futuros momentos de desaceleração econômica, afirmou o vice-presidente do Fed, Richard Clarida, nesta terça-feira.
Em discurso durante evento do BC da Suíça, em Zurique, Clarida destacou como a estratégia bem-sucedida do Fed para combater a alta da inflação na década de 1970 e no começo da década de 1980 e a queda nos juros dos bônus globais prepararam o terreno para novos desafios.
“Esses dois fenômenos, juntos, resultaram em juros de bônus soberanos substancialmente menores do que antes da experiência pré-crise, e, desta forma, substancialmente mais próximos do piso efetivo da taxa de política do que antes da crise”, afirmou Clarida.
O vice do Fed chamou atenção para uma série de fatores que têm puxado para baixo os juros dos bônus globais de longo prazo, incluindo não apenas a queda da inflação em si mas a redução da volatilidade da inflação.
Clarida também comentou que a inflação dos EUA diminuiu e ficou mais estável graças à política monetária do Fed.
O Fed, de modo geral, cortou suas taxas de juros em mais de 5 pontos porcentuais nos últimos choques econômicos. Mas como é improvável que as taxas sejam reduzidas para menos de zero, haverá menos espaço para cortar juros e estimular o crescimento com instrumentos convencionais em futuros choques econômicos.
O Fed ampliou seu arsenal de instrumentos após a crise financeira de 2008, mas o discurso de Clarida destaca as potenciais limitações desses instrumentos mais adiante.
Após reduzir os juros a níveis próximos de zero em 2008, o Fed conduziu rodadas de compras de bônus ao longo de cinco anos para estimular o crescimento. O BC americano pressionou as taxas de longo prazo para baixo e encorajou investidores a comprar ativos mais arriscados, como bônus corporativos, ações e imóveis.
Atualmente, as taxas estão abaixo dos níveis anteriores ao da crise, limitando o quanto o Fed e outros BCs podem estimular o crescimento pressionando os rendimentos de longo prazo.
No discurso, Clarida ressalta que, nas duas últimas recessões dos EUA, o juro da T-note de 10 anos caiu em cerca de 3,6 pontos porcentuais e 3,9 pontos porcentuais, respectivamente. “Vou confessar que acho altamente improvável que no próximo choque econômico, seja lá quando for, o rendimento dos Treasuries de 10 anos caia” em magnitudes semelhantes, disse o vice do Fed. Com informações da Dow Jones Newswires.