O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o pacote de redução de impostos anunciado na última sexta-feira deverá elevar os investimentos das empresas e ajudar a gerar novos empregos.
O pacote inclui, entre outras coisas, a redução do Imposto de Renda sobre ganhos com investimento em ações, a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a compra de máquinas, a queda do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre seguros de vida, o incentivo para investimentos em portos, a isenção de parte dos tributos sobre o financiamento habitacional e a criação de alíquotas menores para investimentos de longo prazo em títulos públicos.
Por outro lado, o pacote foi criticado por aumentar de 20% para 22,5% o IR para aplicações em renda fixa – como os populares fundos DI – em caso de resgate em menos de seis meses. Para alguns especialistas, a medida prejudicará pequenos investidores da classe média que costumam mexer nos fundos eventualmente para complementar a renda em períodos mais difíceis.
Ontem, durante o programa de rádio “Café com o Presidente”, da Radiobrás, Lula também comemorou a decisão dos supermercados de reduzir os preços de produtos da cesta básica, como arroz, feijão e farinha. O presidente atribuiu a boa notícia à medida provisória editada pelo governo que isentou a cesta básica das alíquotas de PIS e Cofins.
“Eu estou satisfeito com o comportamento de todos os donos de supermercados, das cadeias de supermercados, pelo empenho, pela pressa com que eles agiram para que o consumidor fosse o grande beneficiado”, disse.
O presidente ainda atribuiu a redução de impostos sobre a cesta básica ao diálogo que vem sendo mantido com a sociedade.
“Porque o governo não quer ser o dono da verdade, o governo não quer saber tudo. O governo quer ter ouvidos grandes para ouvir a sociedade e na medida em que a sociedade vai apresentando as boas idéias nós vamos tentando colocá-las em prática”, afirmou.
Isenção PIS/Cofins reduzirá preços
A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de isentar de tributação produtos da cesta básica como o arroz e o feijão deve provocar uma redução entre 6% e 8% nos preços desses produtos. A expectativa foi manifestada ontem pelo vice-presidente da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras), Ailton Fornari.
Segundo ele, esta redução já pode ser constatada em algumas redes de supermercados. Ele ressaltou, no entanto, que os momentos de compras diferem de estabelecimento para estabelecimento. “À medida que forem negociando, os supermercados vão pressionar mais os fornecedores para que façam o repasse da isenção. Isto já está acontecendo e continuará, conforme as negociações forem se sucedendo”, disse.
Fornari, que também preside a Associação dos Supermercados do Estado do Rio de Janeiro, disse que as taxas de inflação para o total da economia também devem sofrer uma pequena queda. “Embora no que diga respeito ao nosso setor os preços já estejam relativamente estabilizados há uns três meses, a isenção da cobrança de PIS/Confins sobre os produtos da cesta básica também deverá provocar uma pequena queda em alguns desses produtos”, disse. Segundo ele, isso fatalmente levará, de uma maneira geral, a uma queda da inflação.
Ao falar sobre o assunto, o coordenador de Índices do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Salomão Quadros, previu influência da decisão do governo sobre as taxas de inflação. “Acho que toda vez que você tem isenção fiscal, fica mais fácil para controlar a inflação”, disse. Para ele, pode nem haver redução imediata nos preços, uma vez que há setores com margens de lucro mais apertadas, mas isso permite ficar mais preparado para quando houver nova pressão. Quadros citou como exemplo o aumento do custo de matéria-prima, que não obrigaria o repasse imediato. “Então, isso dá um pouco mais de fôlego e estabilidade futura para a inflação”, concluiu.