O presidente do Banco Central da Argentina, Martín Redrado, confirmou hoje que não pretende renunciar ao cargo, apesar do pedido feito pela presidente do país, Cristina Kirchner. “Vamos continuar trabalhando para garantir, como temos feito nos últimos cinco anos, a estabilidade monetária e financeira e a previsibilidade cambial, que são elementos indispensáveis para assegurar o crescimento e a tranquilidade de todos os argentinos”, disse Redrado à imprensa esta manhã, ao sair de casa.
“Também vamos continuar realizando contribuições profissionais para a execução e implementação do Fundo do Bicentenário”, disse Redrado, em meio à turbulência provocada por sua resistência ao pedido de Cristina para que renuncie ao cargo. O Fundo do Bicentenário foi criado recentemente pela presidente para pagar a dívida pública em 2010 com recursos das reservas internacionais. O motivo da crise institucional entre o governo e o BC se deve à demora de Redrado para transferir US$ 6,5 bilhões à conta do Tesouro em troca de um bônus.
O presidente do BC argumenta que espera estudos jurídicos sobre a legalidade da operação. O estatuto do BC proíbe o uso das reservas para pagamento de dívida pública, exceto para organismos internacionais. O Fundo do Bicentenário foi criado por Decreto presidencial, que também tem força de lei e ignora a norma do BC. O vice-presidente do BC, Miguel Ángel Pesce, ligado ao governo, aumentou a pressão sobre Redrado para que ele libere os recursos.
Em entrevista a uma rádio, Pesce disse que “embora o Banco Central seja autônomo em suas decisões em relação ao Poder Executivo, não é autônomo em relação à Constituição nacional, nem à ordem institucional, e, portanto, o decreto presidencial tem poder de lei e deve ser cumprida”.
Pesce confirmou que o diretório do BC vai se reunir hoje para discutir o assunto. “Vamos ter reunião do diretório. Esperamos que o presidente nos informe os motivos de sua atitude de não liberar os recursos e todos expressaremos nossa opinião”, afirmou.