Concorrência

Redes de supermercados apostam no Paraná

O setor supermercadista não experimentou um crescimento vertiginoso nos últimos 12 meses e há quem diga que esteja saturado demais. Mesmo assim, apostas para 2010 e o fato do segmento ter sofrido pouco com a crise continua estimulando a inauguração de novas e grandes lojas.

Em Curitiba, só em um espaço de menos de 30 dias, duas grandes redes estão abrindo unidades, que somam-se a mais uma loja aberta em 2009 e totalizam investimentos superiores a R$ 100 milhões. E pelo menos uma das redes já prevê novas filiais para o ano que vem.

“Não tivemos problemas com a crise em 2009”, explica o presidente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), Pedro Joanir Zonta. Segundo ele, o setor teve crescimento de vendas real de mais de 5% no ano, no País. “No Paraná, não tem sido diferente”, afirma, destacando que em Curitiba a situação do mercado é muito boa.

Para Zonta, fatores como o aumento do salário mínimo (“bem acima da inflação”) e as boas perspectivas para o final do ano devem fazer com que a atividade feche 2009 com um crescimento significativo.

“E esperamos muito mais para 2010, que terá Copa do Mundo, eleições e uma economia mais aquecida”, projeta o executivo, prevendo de 6% a 8% de aumento no faturamento do setor.

Assim, não é de se espantar que novos hipermercados voltem a pipocar em Curitiba e outras grandes cidades do interior do Estado. Só na capital, este ano, duas novas lojas já abriram: o Muffato Tarumã, que recebeu investimentos de R$ 30 milhões, e o Condor Novo Mundo, onde foram investidos R$ 35 milhões. Esta semana, deve ser inaugurado o Angeloni Bigorrilho, cuja implantação custou cerca de R$ 40 milhões.

Os dois novos hipermercados de Curitiba possuem números astronômicos: o novo Angeloni terá 18,6 mil metros quadrados de área construída, sendo 4,6 mil m2 destinados à área de vendas, que terá um mix de mais de 30 mil itens.

Serão 24 check-outs (caixas) e 334 vagas de estacionamento. De acordo com a empresa catarinense, o investimento em Curitiba teve como estímulo o “imenso potencial” da cidade.

Já o Condor do Novo Mundo tem 25 mil metros quadrados no total, 32 check-outs, 45 mil itens e estacionamento com capacidade para 6 mil vagas rotativas. Em ambos, o formato é de centro de compras, que agrega postos de serviços e lojas de apoio, como farmácia, lotérica, caixas automáticos de bancos e praça de alimentação. Cada um dos empreendimentos gerou cerca de 350 novos empregos.

Estado

Em outras cidades do Paraná, o panorama não é muito diferente. As duas grandes redes sediadas no Estado, por exemplo, têm projetos para os próximos meses, ou unidades inauguradas este ano.

O Condor inaugurou um hipermercado em Ponta Grossa e planeja para janeiro de 2010 uma unidade para Fazenda Rio Grande. O Muffato inaugurou uma unidade em Londrina e ampliou outra em Foz do Iguaçu.

As novas unidades somam-se aos 2.771 hiper ou supermercados paranaenses, ou aos 998 curitibanos existentes no final de 2008, de acordo com os números da Apras são consideradas, na estatística, lojas com pelo menos dois caixas.

E ajudam, a reduzir ainda mais a taxa de lojas por habitante. Em Curitiba, em 2008, havia um hipermercado para 141,8 mil pessoas, e um supermercado para 3,8 mil habitantes mesma taxa do Paraná. O Estado tem, no entanto, um hipermercado para cada 244,3 mil pessoas.

De acordo com Zonta, as inaugurações mostram que a atividade já está saturada. “O Paraná está bem servido de hiper e supermercados”, analisa. Para ele, que é presidente do Condor, o surgimento de novas lojas mostra que as redes estão determinadas a enfrentar a forte concorrência. “No nosso caso, a intenção é de estarmos próximos do consumidor, independente de haver ou não outra rede na região”, afirma.

Setor tem mantido índices relativamente estáveis

O crescimento no setor super e hipermercadista, apesar de discreto, ajuda a justificar novos investimentos. A atividade tem a vantagem de não ter sofrido fortes impactos da crise, apresentando índices relativamente estáveis nos últimos 12 meses,. E o aumento da renda da população faz com que as projeções para 2010 sejam de índices ainda melhores.

De acordo com os números mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas dos hiper e supermercados aumentou, no Paraná, 4,5% entre janeiro e setembro deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado.

Na comparação dos últimos 12 meses e igual período imediatamente anterior, o crescimento é de 4,1%. Em setembro, as vendas aumentaram 5,1% em comparação com o mesmo mês em 2008. Os números nacionais são um pouco melhores: 7,5% no ano, 6,9% nos últimos 12 meses e 9,5% em setembro.

Já o índice da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) que mede o faturamento da atividade em 2009 está em 5,37%, e o setor está seguro que a taxa deve melhorar devido às vendas de final de ano.

Em setembro, as vendas foram 6% melhores que no mesmo mês do ano passado, e 4% menores que em agosto. A taxa considera a variação real (desconta a inflação do período comparado).

Em valores nominais, os índices dos supermercados paranaenses são maiores: segundo o IBGE, o setor faturou, de janeiro a setembro de 2009, 10,6% a mais que no mesmo período do ano passado.

Nos últimos 12 meses, o faturamento foi 11,7% maior que nos 12 meses imediatamente anteriores e, em setembro, os supermercados faturaram 8,4% a mais que no mesmo mês de 2008.

Os números nacionais do IBGE mostram, por sua vez, crescimento de 13,3% em 2009, 14,1% em 12 meses e 12,7% em setembro. Conforme a Abras, o valor das vendas nacionais do setor teve queda de 3,77% em relação a agosto, mas aumento de 10,60% ante setembro de 2008. No acumulado de janeiro a setembro, as vendas cresceram 10,76%.

Para o IBGE, os números positivos da atividade se devem a dois fatores: um é o aumento do poder de compra da população, que decorre, por sua vez, do crescimento do chamado rendimento real habitual dos ocupados, que foi de 2,3% sobre setembro de 2008, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego do próprio IBGE. Outro foi a estabilização dos preços dos alimentos, que, nos últimos 12 meses, aumentaram apenas 2,3%, contra uma inflação de 4,3% no mesmo período. (HM)

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