Rede elétrica poderá ser usada para acesso à internet

A rede de distribuição de energia elétrica do País poderá, em breve, ser utilizada para acesso à internet por banda larga e também para transmissão de vídeo e voz, viabilizando os serviços de TV por assinatura.

O último passo regulatório que faltava para permitir a exploração comercial dessa tecnologia, conhecida como Power Line Communications (PLC), foi dado com a aprovação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) das regras a que estarão sujeitas as distribuidoras de energia. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já havia regulamentado a sua parte nessa tecnologia.

Uma boa notícia é que as regras da Aneel determinam que 90% do lucro obtido pelas distribuidoras com a exploração da tecnologia PLC terão de ser repassados aos consumidores de energia elétrica.

Esse repasse será feito por meio de desconto nas tarifas cobradas pelo fornecimento de luz, o que deverá ocorrer no momento das revisões contratuais das distribuidoras que, em média, ocorrem a cada quatro anos.

Na prática, a tecnologia permitirá o uso dos fios de energia elétrica para transmissão dos dados multimídia. Algumas adaptações serão necessárias como a instalação de roteadores nos postes de energia para direcionar a transmissão de dados e a instalação de modens na casa ou no escritório dos clientes, parecidos com os aparelhos que as empresas de telefonia ou de TV a cabo hoje usam para fornecer acesso à internet.

A nova tecnologia deverá estimular a concorrência e ampliar a oferta do serviço de internet via banda larga já que a rede de energia elétrica tem uma cobertura maior do que as outras tecnologias disponíveis.

Quando aprovou o regulamento, a Anatel destacou que o PLC deverá reduzir os custos dos serviços já que não necessita de grandes investimentos por parte das empresas para implantação de uma infraestrutura. Ainda segundo a Anatel, a velocidade de conexão desse tipo de tecnologia deverá ser maior que a disponível hoje em outros serviços.

Não há data para que a nova tecnologia esteja disponível no mercado porque depende de cada distribuidora decidir pelo seu uso. As empresas de energia, no entanto, estão impedidas de explorar diretamente o novo serviço de banda larga já que não há previsão contratual para isso.

Para usar a rede de fios em transmissão de dados, terão que criar subsidiárias que ainda precisão obter licença da Anatel para operar no sistema de multimídia, o que leva até 90 dias se toda a documentação estiver correta.

Mesmo criando uma subsidiária para atuar no setor, as distribuidoras terão que “leiloar” a sua rede de transmissão de energia para exploração comercial da tecnologia PLC entre todas as empresas interessadas – e não entregar sua rede diretamente à sua coligada.

“Elas terão que escolher o maior preço oferecido, garantindo como referência os preços de mercado para o serviço”, comentou o superintendente de Regulação de Serviços de Distribuição da Aneel, Paulo Henrique Lopes.

Pelas regras da Aneel, as distribuidoras terão liberdade para utilizar a tecnologia PLC para melhorar suas próprias atividades por meio da internet. Elas poderão, por exemplo, implantar a medição eletrônica do consumo de energia de seus consumidores e ainda fazer cortes ou religamento de fornecimento de luz elétrica.

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