Os pequenos agricultores paranaenses terão mais R$ 110 milhões de crédito para investir em suas atividades. O governo estadual liberou mais R$ 11 milhões para o fundo de aval da agricultura familiar. Esses recursos se somam aos R$ 6 milhões já destinados ao fundo. ?Cada real do fundo alavanca dez reais de financiamento no Banco do Brasil?, informa Sérgio Gutierrez, coordenador do programa. ?É um marco histórico no financiamento rural e uma iniciativa inédita no País. Estamos viabilizando financiamento a agricultores que nunca tiveram crédito?, acrescenta.
?No total serão R$ 170 milhões de créditos, entre o que já foi disponibilizado e o que ainda será liberado?, afirma Gutierrez. Criado em 2004, o fundo de aval já possibilitou créditos de R$ 31 milhões a 5,4 mil pequenos agricultores. ?Inicialmente colocamos R$ 2 milhões e o banco liberou créditos de R$ 20 milhões. Em seguida, colocamos mais R$ 4 milhões e o banco assumiu o compromisso de emprestar R$ 60 milhões?, conta o coordenador. ?Com esses R$ 11 milhões, vamos puxar mais R$ 110 milhões para os pequenos agricultores?, acrescenta.
Os pequenos agricultores não tinham acesso a crédito, pois não têm garantias para apresentar ao banco. ?A Constituição Federal veda a hipoteca da terra e de equipamentos de agricultores familiares que não tenham outro meio de vida. Então os bancos não se interessavam em emprestar dinheiro a eles, pois não poderiam executar a dívida?, diz Gutierrez.
?Outra grande vantagem desse programa é que financiamos agricultores que não têm o título de propriedade da terra, arrendatários, colonos, extrativistas e pescadores?, afirma. Pescadores de Guaraqueçaba, por exemplo, receberam R$ 962 mil para comprar motores e barcos.
Segundo Gutierrez, a maior demanda por financiamentos avalizados pelo fundo vem da pecuária leiteira. ?Quase a metade da demanda é para leite. O programa Leite das Crianças motivou os investimentos, pois o governo garante a compra a um preço bom para o produtor?, afirma. ?Sericicultura (criação do bicho-da-seda), café adensado, horticultura e fruticultura também têm grande demanda por crédito?, conta.
Na concessão do aval para financiamento, o governo estadual tem priorizado as regiões mais pobres do Paraná. ?Estamos atendendo prioritariamente as áreas com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O município campeão em financiamentos é Ibaiti (região central), onde foram beneficiados 500 agricultores que nunca tiveram acesso a créditos, no valor total de R$ 3 milhões?, afirma Gutierrez.
?O pequeno agricultor não consegue acumular recursos, então o crédito é muito importante para gerar renda?, observa Gutierrez. Os recursos do Fundo avalizam empréstimos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). ?É um dinheiro muito barato, com taxa de juro de 3% ao ano, prazo de até oito anos para pagar, com carência de até cinco anos. Além disso, há uma bonificação de R$ 700,00 se o pagamento for feito em dia?, explica. Operado através de 150 agências do Banco do Brasil, o fundo de aval está presente em mais de 250 municípios do Paraná.