Eleazar de Carvalho Filho: desconcentrando recursos |
O montante emprestado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no Paraná cresceu 24,07% na comparação de janeiro a maio de 2002 com o mesmo período de 2001. Os desembolsos somaram, R$ 588,1 milhões e R$ 474 milhões, respectivamente. Neste ano, o volume destinado ao Estado representa 5,65% dos R$ 10,4 bilhões financiados no País.
No ano passado, o total de recursos liberados pelo BNDES foi de R$ 26,25 bilhões, cabendo ao Paraná R$ 1,588 bilhão, 18,06% mais do que em 2001 (R$ 1,345 bilhão). O orçamento do banco para este ano é de R$ 28 bilhões -aumento de 6,6% sobre o valor emprestado em 2001. Os números foram divulgados ontem pelo presidente do BNDES, Eleazar de Carvalho Filho, que esteve em Curitiba para uma reunião de trabalho.
Na ocasião, a diretoria do BNDES aprovou a concessão de dois financiamentos para projetos localizados no Paraná, totalizando R$ 46,1 milhões. Para a construção da primeira fase do Parkshopping Barigüi, em Curitiba, foram liberados R$ 46 milhões. O investimento total é de R$ 119,6 milhões. Foi aprovado ainda um financiamento de R$ 108 mil para o município de Clevelândia implantar o PMAT (Programa de Modernização da Arrecadação Tributária e da Gestão dos Setores Sociais Básicos). O banco já financiou o PMAT em Curitiba e mais onze cidades do Paraná.
Além dos dois créditos aprovados ontem, o BNDES está contratando um financiamento no valor de R$ 2,48 milhões para a empresa Rio de Una Alimentos S.A. implantar uma unidade de processamento de frutas, legumes e verduras em São José dos Pinhais. Entre os projetos paranaenses em análise pelo BNDES, estão: ALL, Global Telecom, Centrais Elétricas Rio do Jordão e um empréstimo de R$ 200 milhões para a Sanepar.
Micros, pequenas e médias
No Paraná, as operações do BNDES com micros, pequenas e médias empresas crescem acima da média nacional, destacou Carvalho. Nos primeiros cinco meses de 2002, esse segmento representou 25% dos desembolsos do banco no País. No Sul, a proporção sobe para 45,7%.
Das 38.725 operações contratadas no Paraná no último ano, 38 mil foram feitas por micro, pequenas e médias empresas. De janeiro a maio de 2002, o BNDES efetuou 5.673 operações no Estado. “Temos uma série de operações em curso e uma carteira expressiva. Queremos explorar isso e ter um grande crescimento”, frisou Carvalho.
Os setores que tem demandando mais operações junto ao BNDES no Paraná são: transportes, construção, agropecuária, indústria de alimentos e bebidas. O ramo industrial, que nos cinco primeiros meses de 2001 liderava os desembolsos, com R$ 190,99 milhões, caiu para R$ 106,07 em igual período de 2002. O primeiro lugar passou para infra-estrutura e serviços, com salto de R$ 119,56 milhões para R$ 252,95 milhões. Os financiamentos para o setor agropecuário cresceram de R$ 162,44 milhões para R$ 227,66 milhões.
O presidente do BNDES confirmou a desconcentração regional de investimentos. “É um processo muito intenso em vários setores no Sul e Nordeste. Grandes projetos tem se estabelecido em áreas bastante competitivas fora do eixo industrial Rio/São Paulo/Minas, proporcionando o desenvolvimento de cadeias integradas com fornecedores”, citou. Do total de desembolsos em 2002, o Sul representa 17%, Nordeste 9%, Centro-Oeste 5% e Norte também 5%.
Critérios
O BNDES não financia capital de giro, mas até metade do valor necessário para projetos de investimentos, com prazo de dois a dez anos para pagamento e dois anos de carência. A taxa de juros nominal varia de 13 a 14% ao ano. A taxa de inadimplência está em 0,8%.
92 milhões para transporte da RMC
O governador Jaime Lerner e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Eleazar de Carvalho Filho, assinaram ontem contrato para implantação do Programa de Integração de Transportes (PIT), da Região Metropolitana de Curitiba (RMC). O banco vai financiar R$ 70 milhões dos R$ 92,4 milhões que serão investidos no projeto.
Com o PIT será implantada a Ligação Intercidades, um novo eixo de transporte coletivo que promoverá a integração entre os seis principais municípios da RMC, sem passar por Curitiba. Além disso, serão construídos vários terminais, miniterminais, obras de infra-estrutura, como viadutos, trincheiras e pavimentação de vias em outras cidades da região.
O programa será implantado pelo governo do Estado, através da Coordenadoria da Região Metropolitana de Curitiba. O novo sistema será gerenciado pela URBS, pertencente a Prefeitura de Curitiba. “A implantação desse programa de integração é a consolidação de uma luta de muitos anos e muito trabalho para garantir à população da Região Metropolitana um sistema de transporte coletivo semelhante ao de Curitiba, que se tornou referência mundial”, disse Lerner.
A Ligação Intercidades vai desafogar o atual sistema radial, pela qual todas as linhas passam pela capital, propiciando um maior desenvolvimento dos municípios vizinhos a Curitiba. O objetivo é criar novas relações urbanas e econômicas entre as cidades.
O presidente do BNDES, Eleazar de Carvalho Filho, afirmou que o Paraná é mais que referência em transporte coletivo no Brasil. “O Estado fez um grande esforço para trazer este benefício, fundamental para a qualidade de vida do trabalhador.”
O prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi, que também assinou o contrato em nome da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec), disse que o novo programa comprova que o governo do Paraná tem como prioridade o apoio às famílias de baixa renda. “O transporte coletivo é utilizado, principalmente, pelas classes de baixa renda”, disse Taniguchi. “Estes investimentos vão trazer-lhes um transporte ainda melhor.”
O Programa de Integração do Transporte da RMC tem um cronograma de implantação de 30 meses, com previsão de início de obras no segundo semestre de 2002. Além dos R$ 92,47 milhões, estão previstos ainda investimentos da R$ 14,5 milhões, por parte da iniciativa privada, para a ampliação da frota. Complementam o programa investimentos de cerca de R$ 6 milhões em desapropriações (governo do Estado e municípios).