Recuo de 0,4% do ICI de outubro é até positivo, diz FGV

Considerando as quedas de meses anteriores, em torno de 2%, o recuo de 0,4% do Índice de Confiança da Indústria (ICI) em outubro foi considerado um resultado até positivo pelo coordenador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a Sondagem da Indústria, Aloisio Campelo. O levantamento, realizado entre os dias 3 e 27 de outubro e que ouviu 1.243 empresários e executivos da indústria, foi anunciado ontem. “O resultado de agora não é tão desesperador”, disse Campelo. De acordo com ele, o cenário externo ainda suscita dúvidas, mas as reduções dos juros em agosto e agora em outubro pelo Banco Central (BC), associadas a uma taxa de câmbio um pouco melhor, contribuíram para reduzir um pouco o grau de pessimismo da indústria.

Campelo atribuiu também a redução do ritmo de queda da confiança da indústria aos impactos de medidas adotadas pelo governo no âmbito do Programa Brasil Maior, lançado em 2 de agosto, como as de caráter de combate à concorrência desleal de produtos importados (antidumping) e desoneração da folha de pagamentos de alguns setores da indústria.

A sondagem, de acordo com Campelo, não capturou, porém, os prováveis impactos da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que no último dia 20 adiou para 15 de dezembro a entrada em vigor da elevação de 30 pontos porcentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos com menos de 65% de componentes nacionais.

Campelo atribuiu ainda o resultado da confiança da indústria ao ligeiro aumento de 0,2% no Índice de Expectativas (IE) em outubro em relação a setembro, que no confronto com agosto havia caído 2,6%. O nível de estoques acumulados caiu 0,7% em outubro ante um aumento de 0,1% em setembro em relação a agosto. Dos 14 setores da indústria consultados na sondagem, cinco afirmaram que estão com estoques altos, um estável e oito em queda. “Mais da metade do ajuste de estoques já foi feito”, disse Campelo. Agora, com a melhora das vendas no final do ano, ele acredita que a indústria tem grandes chances de concluir o processo de ajuste de seus estoques.

A produção prevista para os próximos três meses apresentou na sondagem de outubro elevação de 0,9% ante queda de 0,2% no levantamento realizado em setembro. Com isso, o emprego previsto saiu de uma queda de 5,1% em setembro para uma queda de 0,2% em outubro. Dos 14 setores pesquisados, nove esperam contratar nos próximos três meses e cinco pretendem reduzir o quadro de funcionários. “Está havendo uma concentração maior entre os que esperam nível de emprego maior”, afirmou o coordenador da FGV.

Para os próximos seis meses, a expectativa da indústria em relação aos negócios saiu de uma queda de 2,6% em setembro em relação a agosto para uma quase estabilidade (-0,10%) em outubro sobre setembro. Os dados, de acordo com Campelo, não são conclusivos ainda, mas ele acredita que o Natal deste ano será bom – não como em 2010 -, com a indústria produzindo para atender à demanda, mas em menor ritmo para concluir o processo de ajuste dos estoques.

Em outubro, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada da indústria (Nuci) manteve-se basicamente estável, em 83,5%, ante 83,6% em setembro, mas acima da média histórica de 83,3%. A média histórica da FGV para a sondagem industrial é considerada a partir de 2003.

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