A análise da balança comercial paranaense revela que o Estado está importando mais produtos acabados, e os produtos exportados têm perdido rentabilidade. O paranaense está importando mais produtos prontos para o consumo. Ou seja, muitos itens que poderiam estar sendo fabricados dentro do Estado estão vindo de fora, prejudicando a indústria local. No período de 2005 a 2010, analisando as importações por Categoria de Uso, o maior acréscimo se deu nos Bens de Consumo (463,1%), seguido pelos Bens de Capital (307 %), Combustíveis e Lubrificantes (268,7%) e Bens intermediários (123,5%).
Além disso, a rentabilidade em real das exportações paranaenses está diminuindo. Os produtos Manufaturados, que chegaram a representar 57,4% das exportações em 2006, atingiram 43,1% em 2010; já os produtos Básicos passaram de 29,3% em 2006 para 42,2% em 2010. Ou seja, o Paraná voltou a ser grande exportador de matéria-prima.
“As duas situações são consequência da valorização do real frente às moedas de circulação internacional, que vem comprimindo sistematicamente as receitas em moeda corrente doméstica dos exportadores e prejudicando sensivelmente a competitividade dos produtos paranaenses e brasileiros no exterior”, afirma Roberto Zurcher, economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), ao analisar os números da balança comercial divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
As exportações paranaenses totalizaram, em 2010, US$ 14,2 bilhões, equivalentes a R$ 24,9 bilhões considerando o câmbio mensal médio divulgado pelo Banco Central. Desta forma, o aumento de 26,3% em dólar se reproduziu em aumento de apenas 11,5% em real, na comparação de 2010 contra 2009, diminuindo a rentabilidade das empresas produtoras-exportadoras. Quando feita a conversão das exportações na proporção que é destinada para a Comunidade Européia (1/3 do valor total exportado) – neste caso utilizando-se o euro e nos demais o dólar – a receita em real teve um crescimento ainda menor, de apenas 9,47%.
Saldo
As importações acumuladas ao longo de 2010 somaram US$ 13,9 bilhões, 45 % superiores às de 2009. Em relação a 2008, há uma queda de 4,24%. O saldo acumulado no ano terminou positivo, equivalente a US$ 224 milhões. Os economistas da Fiep observam que o ritmo de evolução das exportações é bem menor que o das importações, sinalizando alguma restrição à sustentação da atividade econômica interna em futuro não muito distante. O saldo comercial paranaense acumulado em 2010 apresenta redução significativa. Esta redução se iniciou em 2005, com a valorização do real frente às moedas de circulação internacional. A exceção foi em 2009 (eclosão da crise internacional), que determinou alteração do fluxo comercial global. A tendência de queda continua, atingindo neste último dezembro a US$ 224 milhões, bem abaixo das marcas historicamente registradas, ostentando o menor valor registrado desde 2001, quando atingiu US$ 388 milhões.
Analisando o saldo comercial por grupo de produtos, observa-se que os grupos com maiores resultados positivos são os que têm sua origem no agronegócio: complexo soja, carnes, açúcares, madeira e preparações alimentícias diversas. O maior déficit está em petróleo, por conta da necessidade de se importar este produto para refino em unidade paranaense. Os demais grupos de produtos que têm balança comercial negativa são todos de produtos industrializados.