Cerca de um milhão de contribuintes tiveram suas Declarações de Renda retidas na malha fina da Receita Federal neste ano. Em 2008, as retenções por suspeita de sonegação de impostos somaram bem menos: 361,4 mil. Com a malha fina em 2009, a Receita Federal descobriu que tinha R$ 2,1 bilhões em impostos a receber, e que 12% desse montante estava relacionado a despesas médicas. Além disso, negou o pagamento de R$ 472 milhões em pedidos de restituição.
Para apertar o cerco aos contribuintes que fazem uso irregular dos recibos médicos para pagar menos imposto ou até mesmo receber restituição, a Receita anunciou ontem a criação da Declaração de Serviços Médicos (Dmed). A medida obriga todas as pessoas jurídicas que prestam serviços de saúde a entregar anualmente à Receita informações sobre todos os recibos médicos concedidos para pessoas físicas. A primeira declaração deve ser entregue em 2011, com dados relativos ao ano de 2010.
A Receita vai cruzar os dados da Dmed com as informações prestadas pelo contribuinte pessoa física na Declaração de Renda. A medida deve fechar ainda mais as brechas para a sonegação de imposto. Estarão obrigadas a entregar a Dmed empresas como hospitais, laboratórios, clínicas odontológicas, de fisioterapia e psicologia, além de operadoras de planos de saúde privados. Os profissionais liberais que atuam como profissionais liberais estão dispensados de entregar a declaração.
Segundo a Receita, o cruzamento das informações permitirá a validação dos recibos usados pelos contribuintes para abater o valor do Imposto de Renda. “Vamos melhorar o serviço, pois puniremos melhor o que frauda e liberaremos o que realmente tem despesas médicas elevadas, mas dentro de seu padrão”, explicou o subsecretário de Fiscalização da Receita, Marcos Vinícius Neder.