Agência Brasil
Agência Brasil

Ricardo Pinheiro, da Receita: redução
da alíquota é "remota".

continua após a publicidade

Os contribuintes não têm motivos para se animar. Se depender do secretário da Receita Federal do Brasil, Ricardo Pinheiro, a alíquota máxima de Imposto de Renda será mantida em 27,5%. Ele também criticou a possibilidade de correção da tabela de IR, que vem sendo defendida pelo ministro Luiz Marinho (Trabalho).

Pinheiro disse que a possibilidade de redução da alíquota máxima do Imposto de Renda de 27,5% para 25% é ?remota?. Segundo ele, a alíquota não deve ser reduzida porque seria uma medida elitista, já que atinge apenas os maiores salários. Hoje, essa alíquota incide sobre os rendimentos mensais superiores a R$ 2.326.

?A hipótese de manter a alíquota máxima em 25% é remota. No mínimo seria uma medida elitista de acordo com a realidade brasileira?, disse Pinheiro, que participou ontem de um seminário sobre administração tributária no Congresso.

continua após a publicidade

Uma trapalhada da equipe econômica na elaboração da proposta orçamentária do próximo ano levou os ministérios da Fazenda e do Planejamento a negar que o governo federal tenha decidido reduzir a alíquota máxima do Imposto de Renda das pessoas físicas dos atuais 27,5% para 25% em janeiro de 2006.

A redução da alíquota é citada, textualmente, na mensagem presidencial que acompanha o projeto de lei do Orçamento, enviado ao Congresso no último dia 31 de agosto. Pinheiro disse também que a Receita ainda não estuda nenhuma medida para fazer a correção da tabela do IR. ?Não está nada demandado a respeito disso.?

continua após a publicidade

Para ele, essa discussão demonstra a falta de ?consciência tributária? do contribuinte, já que individualmente o ganho é muito baixo. ?É muito mais uma questão de ego de contribuinte do que uma questão financeira.?

Desoneração

A desoneração sobre a produção pode ser melhor para o País do que medidas como a correção da tabela do Imposto de Renda, avaliou o secretário. Para ele, se a desoneração estimular a geração de emprego, ela é a melhor saída para o governo, que trabalha com uma margem de renúncia fiscal estreita.

Segundo Pinheiro, a redução da alíquota máxima de IR iria gerar uma perda de aproximadamente R$ 2,9 bilhões no próximo ano. Esse seria o montante necessário para fazer a desoneração total de PIS/Cofins de bens de capital.

Marinho

Anteontem, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou que o governo vai, sim, reajustar a tabela do Imposto de Renda para pessoas físicas ainda este ano.

?Claro que vai reajustar. É compromisso de governo e nós o faremos. Nós vamos consolidar essa negociação durante o mês de novembro, certamente, na segunda quinzena. O mais tardar, nos primeiros dez dias de dezembro nós consolidaremos essa negociação?, disse Marinho, em São Paulo. 

Discussão sobre Super-Receita ainda está aberta

A criação da Receita Federal do Brasil, batizada informalmente de Super-Receita, é um processo em implantação, que será aperfeiçoado a médio e longo prazos, garante o secretário-adjunto da Receita Federal, Ricardo Pinheiro. O secretário participou ontem do seminário Administrações Tributárias – Um Preceito Constitucional, em que tentou rebater as críticas de sindicalistas à criação da nova Receita.

Segundo Pinheiro, a implantação da secretaria é importante demais para depender de conflitos entre categorias. A Super-Receita é resultado da unificação da Secretaria da Receita Federal, vinculada ao Ministério da Fazenda, e da Secretaria da Receita Previdenciária, do Ministério da Previdência Social. A nova ?super? secretaria é subordinada ao Ministério da Fazenda.

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente eleito do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Unafisco), Carlos André Nogueira, disse que os auditores fiscais não vêem como a fusão de dois órgãos que têm estruturas, culturas e formas de trabalho diferentes poderá melhorar a fiscalização e a arrecadação. Além disso, os sindicatos criticam a unificação das carreiras dos dois órgãos.

O secretário rebate afirmando que a criação da Super-Receita não é uma coisa acabada, mas um processo em constante evolução. ?Não tem nada pronto e acabado?, afirmou, garantindo que a situação de cada carreira será discutida com os funcionários.