Apesar de negar os efeitos da crise financeira internacional na arrecadação tributária de setembro, o secretário-adjunto da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, afirmou hoje que o crescimento das receitas em 2008 deve ser menor que o projetado no início do ano. Até o mês passado, a Receita estimativa uma expansão das receitas em torno de 10% na comparação com 2007. Agora o secretário já fala em até 8% de crescimento. “Na última reunião que nós participamos aqui, trabalhávamos com um intervalo de 8 a 9%”, afirmou.

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Diante da pressão dos jornalistas para que ele explicasse a revisão, Cartaxo recuou e afirmou: “Estou dizendo que algumas projeções apostam para um decréscimo. Eu aposto que a arrecadação irá se manter neste intervalo de 8% a 10% porque estamos no mês de setembro, e como todos são unânimes que há um intervalo entre a crise e o espelhamento desta crise nos indicadores econômicos, eu acredito que nós haveremos de cumprir as metas de arrecadação do corrente ano”.

As declarações do secretário causaram desconforto entre os seus assessores, que, a todo o momento, o interrompiam para pedir que ele se prendesse aos dados da arrecadação de setembro. Segundo Cartaxo, a preocupação da Receita Federal é com a arrecadação de 2009. Ele afirmou que se houver uma queda na lucratividade das empresas como efeito da crise, as receitas do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) – carros-chefes da arrecadação neste ano – podem cair. Cartaxo observou que esses dois tributos foram responsáveis por 47,79% do aumento da arrecadação no período de janeiro a setembro.

Por enquanto, afirmou o secretário, a arrecadação de setembro não espelha os efeitos da crise. Ele destacou que demora de “três a quatro meses” para a arrecadação refletir o impacto da crise. “Os efeitos não são automáticos”, disse.

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