A receita operacional líquida do comércio registrou crescimento real de 11,7% em 2004, na comparação com o ano anterior, e alcançou R$ 798,2 bilhões, depois de dois anos consecutivos em queda. Os dados constam da Pesquisa Anual de Comércio (PAC) 2004, que foi divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O bom resultado está de acordo com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) daquele ano, que foi de 4,9%. O Paraná, que antes respondia por 7,8% da receita bruta de revenda do Brasil, passou para 8,8%, saltando do 2.º para o 1.º lugar na região sul e do 5.º para o 3.º lugar no País, atrás apenas de São Paulo (32,6%) e Minas Gerais (9,7%).
A PAC informa que havia 1,380 milhão de empresas comerciais que, juntas, tinham 1,441 milhão de estabelecimentos comerciais em 2004. O número de trabalhadores no comércio foi de 6.680 mil, o que representa um aumento de 9,1%, na comparação com 2003. Os salários e outros tipos de remuneração somaram R$ 45,2 bilhões.
Cerca de 33 mil empresas (2,4% do total) responderam por 74,2% da receita total do comércio, ou seja, por R$ 592 bilhões. Com 20 empregados ou mais, essas empresas também foram as responsáveis por 2.329 mil postos de trabalho (35% do total), e por R$ 24,6 bilhões em salários e remunerações aos trabalhadores (54,4% do total do setor).
A concentração da receita não mudou significativamente em relação a 2003. Ela pode ser melhor vista quando se consideram as empresas com, no mínimo, 500 pessoas ocupadas. Elas representavam 0,03% do total de empresas comerciais, mas geraram R$ 243,4 bilhões, o equivalente a 30,5% da receita do setor.
O comércio atacadista, com apenas 7,6% das empresas comerciais, foi o segmento que mais gerou receita operacional líquida em 2004, respondendo por R$ 365,6 bilhões (45,8% do total).
O segmento varejista abocanhou receita operacional líquida de R$ 333,5 bilhões (41,8% do total), concentra o maior número de empresas (84,3% do total)e o maior número de trabalhadores (76,1%), que receberam 64,5% do total de salários pagos no setor.
A diferença entre preço de compra e de venda pelas empresas, a chamada margem de comercialização, é mais alta no varejo. Em 2004, o varejo teve R$ 82,8 bilhões de margem, o equivalente a 52,9% da margem de todo o setor de comércio. O atacado respondeu por 37%.
O terceiro segmento do comércio na PAC é o de automóveis, motos e autopeças, com 12,4% da receita. O segmento cresceu 18,6% em 2004. Desse total, 67,1% da receita veio do comércio de veículos automotores.
Os cerca de 120 mil estabelecimentos deste grupo (8,5% do total do comércio) em 2004, juntos, tiveram uma diferença entre preço de compra e de venda de R$ 15,9 bilhões.
Naquele ano, a quantidade de carros vendidos aumentou pelo crescimento tanto da demanda interna quanto da externa, pela estratégia de expansão das vendas de carros populares e de inovações terem sido introduzidas como o carro flex bicombustível. Também influiu para isso o aumento do volume de crédito, a redução das taxas de juros (em relação a 2003) e a ampliação dos prazos de pagamento.
Esses foram os principais motivos apontados pelo IBGE para este segmento ter sido o de maior expansão dentre os três da pesquisa O varejista cresceu 14,2%, e o atacadista, 7,9%.