A receita de intermediação financeira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) caiu na passagem de 2015 para 2016 por causa da valorização do real, explicou a superintendente da Área de Controladoria da instituição, Vania Borgeth. Conforme o balanço financeiro divulgado nesta sexta-feira, 10, a receita da intermediação financeira encolheu 38%, caindo de R$ 105,342 bilhões em 2015 para R$ 65,275 bilhões em 2016.
O resultado bruto da intermediação financeira caiu 10,7%, para R$ 16,690 bilhões, contra os R$ 18,691 bilhões registrados em 2015, por causa da perda de R$ 9,156 bilhões com provisões para risco de crédito, valor 524% acima do R$ 1,468 bilhão de 2015. Sem considerar o provisionamento, o produto da intermediação financeira cresceu 28,2% ante 2015, para R$ 25,846 bilhões.
Segundo o diretor da Área de Controladoria do BNDES, Ricardo Baldin, a piora do “rating” dos clientes em meio à recessão levou ao aumento de provisionamento, combinada com uma postura “mais conservadora” do banco. Questionado se as perdas com a operadora de telefonia Oi, em recuperação judicial desde ano passado, já foram provisionadas, o executivo disse que não comentaria casos específicos.
“Não existe um caso específico”, disse Baldin, em entrevista coletiva, no Rio. “No conjunto dos financiamentos houve uma baixa generalizada (nos ratings). Não estamos nos referindo a esse ou aquele caso”, completou o executivo, que se resumiu a comentar que, por causa da recuperação judicial, a Oi nem sequer possui “rating”.
Dividendos
Baldin ressaltou que o pagamento mínimo de 25% em dividendos do lucro líquido de 2016 da instituição de fomento já está registrado no passivo do banco e depende de o “Tesouro requerer”. Segundo o executivo, o valor é de R$ 1,518 bilhão. “Quero pagar na semana que vem”, afirmou Baldin, quando perguntado se o pagamento já estava programado.
O executivo destacou ainda que a nova política de dividendos, aprovada pelo banco no ano passado e já inserida em seu estatuto social, garantirá ao banco ao menos 40% do lucro líquido para aumento de capital. Segundo Baldin, isso dará previsibilidade à gestão do banco, já que o pagamento de dividendos ao Tesouro “não ficará ao livre arbítrio”. Nas gestões anteriores do BNDES, a praxe era haver pagamento de 100% do lucro em dividendos, contribuindo para ampliar as receitas da União, em meio à redução do superávit fiscal.
Até o fim do ano, o BNDES poderá pagar outros 35% do lucro em dividendos, mas, pela nova política, isso somente será feito se o índice de Basileia do banco estiver acima de 15%. O índice encerrou 2016 em 21,7%.