O faturamento dos micro e pequenos empresários paulistas em 2014 foi R$ 3,9 bilhões menor em relação ao ano anterior. A pesquisa, elaborada pelo Sebrae-SP e obtida com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo, mostra ainda que o comércio foi o setor mais afetado pela economia, com retração de 5,9% das receitas.

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Já o faturamento do segmento de serviços apresentou alta de 6,5%, beneficiado pelo desempenho positivo dos nichos de transporte e armazenagem, que contaram com aumento de demanda durante a Copa do Mundo. A queda no faturamento da indústria foi de 1,8%.

“A economia como um todo prejudicou a confiança dos empresários em 2014. Houve um aumento contundente na taxa de juros e a inflação se manteve relativamente alta, perto do teto da meta. Isso tudo deixou a atividade econômica mais calma (estável)”, analisou o coordenador de pesquisas do Sebrae-SP, Marcelo Moreira.

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A região paulista que mais sofreu com a desaceleração foi o Grande ABC, com queda de 4,6% no faturamento anual. Essa retração pode ser explicada pelo mau desempenho da indústria, em especial do setor automobilístico, principal atividade econômica da região.

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Esse cenário de retração estabelecido pela pesquisa já é vivido, na prática, pelo empresário Humberto Gonçalves, sócio de uma fábrica de parafusos e arruelas na cidade de São Paulo. Para adaptar-se, ele precisou cortar gastos, o que envolveu a demissão de 14 dos 46 funcionários que começaram o ano na empresa. “Tenho problema de até 50 dias de atraso no recebimento com clientes que sempre foram fiéis”, lamenta o empresário.

Quando é levado em consideração apenas o mês de dezembro, o faturamento dos pequenos empresários teve um saldo positivo de 0,2% em relação ao ano interior. A maior alta foi no setor de serviços, com 14,4% de crescimento real, seguido pela indústria, com 12,9%. O comércio apresentou uma queda acentuada e faturou 12,6% menos em relação ao período anterior.

Para o assessor econômico da Fecomércio, Vitor França, a alta da inflação e a instabilidade do câmbio costumam afetar mais os micro e pequenos empreendedores em relação às grandes redes do comércio. “As grandes empresas se saem melhor, pois conseguem fazer promoções, compram em larga escala, incorporam preços”, explica França. “Para se proteger da crise, o pequeno precisa trabalhar mais em cima de planejamento, cortar gastos e os cortes, infelizmente, implicam em redução do quadro de funcionários.”

Pessimismo

A queda no faturamento das PMEs fomentou o maior índice de pessimismo já registrado pelo levantamento do Sebrae-SP. Para os próximos seis meses, 16% dos empresários consultados esperam uma piora no desempenho de suas empresas. Outros 55% acreditam que o quadro tende a se manter estável. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.