Depois de cinco dias de ganhos e uma sucessão de renovações de recordes históricos, o dólar fechou em queda nesta quinta-feira, 13. O real se descolou de outras moedas emergentes e foi a divisa com melhor desempenho entre seus pares após o Banco Central fazer um leilão extraordinário de US$ 1 bilhão em swap, uma espécie de venda de dólar no mercado futuro. À tarde, o ritmo de queda se reduziu, por conta do exterior negativo, em meio a renovadas preocupações com o coronavírus, mas o dólar à vista acabou fechando em baixa de 0,39%, para R$ 4,3339. No início da noite, o BC anunciou novo leilão de US$ 1 bilhão para esta sexta-feira.

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O dólar abriu o dia em alta e foi a R$ 4,38, embalado pelas declarações ontem à noite dos ministros Paulo Guedes, da Economia, e de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que não mostraram maiores preocupações do dólar mais alto no Brasil. “É melhor termos juros a 4% e câmbio a R$ 4,00, do que câmbio a R$ 1,80 e juros de 14%, nas alturas”, disse Guedes.

“O câmbio é flutuante, mas quando o mercado começa a ficar disfuncional, cabe ao BC trazer alguma funcionalidade ao mercado, o que foi o que ele fez”, disse o presidente e sócio da Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC. “A decisão de vender swap foi correta. O câmbio estava em processo de tendência unidirecional.”

Por conta dos juros baixos, Figueiredo destaca que aumentou muito a demanda por hedge em real. Por isso, há mais procura por swap do que por moeda no mercado à vista, o que justifica a decisão do BC pelo instrumento. Para o executivo, a tendência pela frente é o dólar se equilibrar mais ao redor de R$ 4,00 do que em R$ 4,50.

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Na avaliação do economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, a decisão do BC de ofertar swap “tecnicamente perfeita”. “A intervenção teve todo sentido, o BC olhou onde estava disfuncional e era o mercado futuro”, disse ele. “A dinâmica dos fluxos de capital no Brasil mudou”, destaca. Leal destaca que Guedes vem perseguindo a estratégia de política monetária mais frouxa e política fiscal mais apertada. Neste ambiente, o dólar fica mais alto mesmo. Para ele, o real só vai se valorizar mais se o Produto Interno Bruto (PIB) se acelerar. Por enquanto, os indicadores têm vindo fracos, enquanto a economia americana tem mostrado força, o que contribui para valorizar o dólar no exterior e pressionar ainda mais o câmbio aqui.

Os estrategistas em Nova York do grupo financeiro holandês ING também apontam que o PIB pode fazer o real ter melhor desempenho. Eles projetam o dólar em R$ 4,30 nos próximos 30 dias, em média, e R$ 4,05 nos próximos seis meses. Com o PIB mais forte, a moeda americana pode cair a R$ 3,90 em 12 meses. “Evidências mais fortes de que a que a recuperação da atividade está a caminho são cruciais para apoiar o real daqui para a frente.” O risco, observam, é o coronavírus afetar as exportações brasileiras e atrapalhar esta retomada.

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