Foto: Ciciro Back/O Estado

Sandro Silva: desempenho do Estado foi inferior.

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O cenário econômico positivo, com a inflação em queda e o aumento real do salário mínimo, contribuiu para que o trabalhador brasileiro repusesse em 2005 as perdas salariais. Conforme levantamento do Sistema de Acompanhamento de Salários do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (SAS-Dieese), divulgado ontem, 88% das negociações salariais feitas entre janeiro e dezembro do ano passado resultaram em reajustes iguais ou acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), utilizado como parâmetro para as negociações. Foi o melhor desempenho nos últimos dez anos, quando a pesquisa começou a ser realizada. Em 2004, o índice ficou em 81%.

Conforme o levantamento, 459 negociações – o que corresponde a 72% do total – resultaram em aumento salarial acima da inflação, sendo que 37% tiveram reajuste com ganho real acima de 1%. Outras 104 negociações (16% do total) resultaram em reposição da inflação, enquanto 77 (12%) não conseguiram sequer repor a inflação do período.

Ao todo, 640 negociações coletivas foram acompanhadas pelo Dieese, divididas entre os setores da indústria – que registrou o maior número de aumento real do salário – serviços e comércio. O Paraná participou da pesquisa com a amostra de 46 negociações, ou seja, 8,75% do total. O Estado teve desempenho inferior à média nacional. Enquanto no País 88% dos acordos resultaram em reajuste igual ou superior ao INPC, no Paraná este índice ficou em 82%.

O Dieese verificou ainda que, em nível nacional, o parcelamento de reajustes caiu de 7% em 2004 para 4% em 2005 – um dado considerado positivo. Também o escalonamento dos reajustes salariais (aplicação de percentuais diferenciados por faixas salariais) caiu de 16% em 2004 para 11% no ano passado. ?O ideal é que o reajuste seja concedido de uma só vez e de forma linear (igual para todos os funcionários)?, ponderou o economista Sandro Silva, do Dieese.

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Razões

Segundo Sandro Silva, uma série de fatores contribuiu para a reposição das perdas salariais dos trabalhadores em 2005, entre eles o cenário de inflação em queda, facilitando as negociações coletivas; o aumento real do salário mínimo, que pressionou as categorias por reajustes maiores que a inflação; o aumento de empregos formais e o aumento do crédito.

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Também a balança comercial, lembrou Silva – apesar da valorização do real frente ao dólar -, foi favorável, com o aumento significativo das exportações. ?Além disso, a expectativa é que em 2006 o crescimento da economia seja ainda maior do que foi em 2005. As empresas estão vendo que podem crescer mais e concordam com reajustes salariais maiores?, apontou Silva. O economista ponderou, porém, que apesar do cenário positivo e das boas negociações, o salário real médio no Brasil vem caindo. ?Em alguns setores, houve um aumento grande da rotatividade, com a terceirização, contratações temporárias e sempre com salário mais baixo?, afirmou.

Para 2006, as perspectivas econômicas continuam positivas, segundo Sandro Silva, com a tendência de inflação estável ou em queda, redução da taxa básica de juros e aumento real de 12% do salário mínimo (de R$ 300 para R$ 350 a partir de 1.º de abril). Dois eventos também prometem aquecer a economia este ano: as eleições devem movimentar setores como o têxtil e o gráfico e a Copa do Mundo vai acelerar a produção e a venda de alguns itens.