Reajuste da matéria-prima preocupa moveleiros

Empresários do setor moveleiro estão tendo que fazer um verdadeiro malabarismo financeiro. A matéria-prima aumentou em média 40% no ano passado e, segundo o setor, nem todo o reajuste foi repassado ao produto final. O resultado é uma margem de lucro menor e um desafio: aumentar os preços dos produtos este ano, mas sem comprometer o crescimento de vendas.

?A gente sente que o setor moveleiro está sofrendo. Há um grande número de empresas em concordata?, apontou o presidente do Sindicato da Indústria Mobiliária do Paraná e dono da empresa Flexiv, especializada em móveis para escritório, Ronaldo Duschenes. Segundo ele, os aglomerados, MDFs, sofreram aumento de 40% entre janeiro do ano passado e janeiro deste ano. ?Para nós do setor de escritório, a alta foi ainda maior. O metal teve variações de até 80%, no caso de tubos, e o ferro maciço aumentou cerca de 45%?, apontou.

De acordo com Duschenes, os empresários não repassaram ainda os aumentos para os consumidores, o que deve acontecer este ano. ?Para 2005, a expectativa do setor é de recomposição da margem de lucro. Não acredito que as vendas sejam maiores que as do ano passado, mas os preços finais devem aumentar bastante?, apontou Duschenes. Em 2004, segundo dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), foi o setor de móveis, juntamente com o de eletrodomésticos, que puxou as vendas do comércio no Estado, com crescimento de 29,42% sobre o ano anterior.

Exportação

Mesmo com o mercado interno aquecido, muitos empresários estão apostando na exportação para melhorar as vendas. É o caso de vários fabricantes que participaram da Feira de Móveis do Paraná (Movelpar), encerrada na última sexta-feira em Arapongas. ?A feira foi um referencial para os importadores que estão de olho nos produtos brasileiros?, afirmou Rubens Ortiz, diretor-executivo do Expoara, evento que acontece anualmente no Norte do Estado.

Durante os cinco dias, lojistas de 35 países visitaram a feira. Isso sem contar os importadores vindos de 11 países para rodadas de negócios organizadas pelo Projeto Comprador, uma parceria da Apex (Agência de Promoção e Exportação) e Brasilian Furniture, programa de incremento à exportação de móveis. Foram realizadas ao todo 255 rodadas de negociação com expositores do evento. A expectativa da Abimóvel (Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário) é de que os negócios que serão feitos a partir dos contatos estabelecidos entre fabricantes e importadores cheguem a ordem de US$ 1,5 milhão. Já a feira como um todo, deve resultar em um faturamento de aproximadamente R$ 250 milhões, segundo os organizadores.

Tendências

Neste ano a Movelpar apresentou aos lojistas e visitantes uma nova linha de móveis, que inova tanto na cor -tabaco e mel em contraste com o branco e prata fosca -como na forma, que prioriza linhas retas e organização em módulos. As mudanças dão um verniz mais sofisticado e agregam mais valor aos produtos. Segundo Marco Aurélio Ferreira, diretor comercial da Max Royal, empresa de Rolândia, o custo de produção é igual ou menor que os móveis mais tradicionais e as peças podem ser vendidas a um preço melhor para o fabricante, sem deixar de atingir o público popular. ?Essa nova linha é uma estratégia para recompor o lucro dos fabricantes, que no ano passado não conseguiram repassar o aumento do valor da matéria-prima para os lojistas?, avaliou o diretor. 

PR aumenta presença no exterior

Segundo o presidente da Abimóvel (Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário), Domingos Rigoni, as exportações do Estado aumentaram 10% sobre a média nacional em 2004. ?Hoje o Paraná é o terceiro maior exportador de móveis do Brasil, atrás apenas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As exportações do Estado chegaram a somar mais de 60 milhões de dólares no ano passado,? afirmou.

Somente o pólo moveleiro de Arapongas obteve um faturamento de 840 milhões de reais em 2004, dos quais 13% foram devidos às exportações. Atualmente a região é considerada o segundo maior pólo moveleiro do Brasil, com cerca de 550 empresas, das quais 60 têm experiência de comercialização no exterior. A indústria moveleira responde por quase 65% do PIB de Arapongas e empregou no ano passado 7.430 pessoas.

Para o diretor do Sindicato dos Moveleiros de Arapongas, Sílvio Pinetti, uma das novidades do setor é o investimento no design. ?O móvel, que antes era popular, está passando por uma melhoria no design. O mercado está ficando mais exigente?, apontou. Nesse sentido, foi criada na região de Arapongas a Universidade da Mobília, com 3,4 mil metros quadrados, que promove tanto a formação profissional como a requalificação. (LS)

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