Ainda pressionada pelas pedaladas da gestão anterior, o Tesouro Nacional registrou em fevereiro um déficit de R$ 7,357 bilhões, o maior para o governo central, em meses de fevereiro, desde 1997. No mês passado, a instituição se viu obrigada a pagar parte da fatura atrasada da gestão anterior e, com isso, as despesas totais cresceram 13,7% na comparação entre fevereiro e igual mês do ano anterior.

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A instituição não confirma, mas a herança a ser corrigida estava concentrada em pelo menos três contas. Apenas com o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) os gastos chegaram a R$ 1 bilhão em fevereiro, cifra 70,6% maior que a de igual mês do ano passado; com Subsídios e Subvenções Econômicas a despesa foi de R$ 1 bilhão (alta de 451,2%); com Benefícios Assistenciais, R$ 786,6 milhões (aumento de 29%).

Apesar do discurso de transparência da gestão Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, o secretário do Tesouro, Marcelo Saintive, disse apenas que a instituição está “buscando a readequação de pagamentos” e quitando despesas de maneira “tempestiva”. Ele não explicou quanto dos gastos do mês nessas contas eram faturas atrasadas e quanto eram os valores correspondentes apenas ao período.

Outros dados da despesa tiveram crescimento expressivo no mês passado. Gastos com precatórios e sentenças subiram 278% comparado a igual mês do ano passado; Fundo Constitucional do DF, 408,1%; compensação do Fundo do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) em função da desoneração da folha de pagamento, 67,1%.

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Apesar desse quadro de limpeza das contas ou “readequação de pagamentos”, como chamou o secretário, a composição total das despesas manteve-se praticamente estável no primeiro bimestre do ano como proporção do Produto Interno Bruto (PIB). No ano passado, elas correspondiam a 12,46% e, agora, a 12,30%.