Rio
– A Petrobras anunciou ontem um aumento de 16,5% no preço do querosene de aviação. Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas, o reajuste será repassado às tarifas aéreas, mas ainda não foi definido o porcentual. Este é o quarto reajuste, em menos de dez dias, em combustíveis cujos preços não sofrem ingerência direta do governo. Antes, a empresa havia anunciado aumentos nos preços do óleo combustível e do gás liquefeito de petróleo (GLP) para uso comercial e industrial, que subiram duas vezes em uma semana.A seqüência de aumentos repercutiu bem no mercado financeiro – as ações ordinárias da estatal subiram 10,75% ontem no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O mercado avalia que a empresa vai reduzindo o prejuízo decorrente do controle no preço do GLP e do congelamento implícito nos preços da gasolina e diesel.
Para o diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE) Adriano Pires a estratégia de repassar reajustes nos preços de combustíveis que não afetem imediatamente o bolso do consumidor obedece a uma “diretriz política”. “A uma semana das eleições, não há como repassar um reajuste de 10% ou 15% para os preços da gasolina e do óleo diesel”, comentou Pires, lembrando que estes dois produtos não têm aumento desde o início de julho, apesar da disparada do preço do petróleo e do dólar. “A empresa está amarrada politicamente e tenta administrar seu prejuízo, repassando reajustes que recebem menor destaque na mídia”, disse. No entanto, os aumentos do querosene de aviação e do óleo combustível, assim como o do GLP de uso industrial e comercial, também pesarão no bolso do consumidor. O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), Geoge Ermakoff disse que um repasse do aumento do combustível às passagens aéreas será inevitável. “O combustível representa entre 20% e 25% dos custos das empresas. Não há como segurar”, disse o executivo. Ele não quis, porém, prever um porcentual de reajuste. “Cada empresa tem sua estratégia. Umas reduzem descontos, outras aumentam os preços.” A TAM, por exemplo, informou que não vai realizar o repasse integral, devido à retração do mercado. A empresa ainda avalia o porcentual de reajuste que será adotado.