O Grupo Queiroz Galvão, que fez uma oferta agressiva para levar a concessão da Rodovia dos Tamoios, em São Paulo, praticamente abrindo mão da contraprestação anual que seria paga pelo governo paulista, afirmou, por meio de nota, que “o empreendimento está alinhado com o plano de negócios da Queiroz Galvão Infraestrutura (veículo de investimentos do Grupo Queiroz Galvão)” e que reforçará seu portfólio, que conta com ativos nas áreas de logística, energia e saneamento.

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Conforme o grupo, a QG Infra, que foi criada em 2013, já conta com R$ 3,8 bilhões em ativos. Na área de logística, a empresa possui dois ativos: a participação de 11,87% na Concessionária Rio-Teresópolis (CRT), que opera o trecho da BR-116 entre Duque de Caxias (RJ) e a divisa com Minas Gerais, e fatia da concessionária Move São Paulo, responsável pelas implantação e futura operação da linha 6 do metrô de São Paulo.

De acordo com informações disponíveis na página da Queiroz Galvão na internet, no segmento de logística, “prospecções nas próximas rodadas de concessões de operação de ferrovias, portos, rodovias e vias urbanas são a prioridade para o futuro, com investimentos potenciais de R$ 8,7 bilhões até 2018”.

Desde meados do ano passado, o grupo vem participando ativamente dos leilões de concessões do setor de transportes, como o certame dos aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG), e as disputas dos lotes de rodovias federais BR-050 (GO/MG); BRs 060/163/262(GO/DF/MG); BR-163(MS), BR-040 (DF/GO/MG) e BR-153 (GO/TO), mas não tinha sido bem sucedida em suas propostas até agora.

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Tamoios

Para a Tamoios, a estratégia da empresa foi apresentar uma proposta ainda mais agressiva, que surpreendeu os presentes na sessão pública de abertura dos envelopes. A empresa se dispôs a receber uma contrapartida financeira de apenas R$ 0,01 (um centavo) por ano do poder concedente, que se dispunha a pagar até R$ 156,864 milhões anuais entre o sexto e o trigésimo ano de concessão como contraprestação anual, o que totalizaria R$ 3,92 bilhões ao longo do contrato. A segunda melhor proposta, feita pelo consórcio liderado pela EcoRodovias, exigia contraprestação de cerca de R$ 34 milhões.

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Com sua proposta, a Queiroz Galvão sinaliza que está disposta a assumir a operação e manutenção da rodovia de 119,5 quilômetros apenas com a receita dos pedágios e outras receitas acessórias, o que o órgão regulador estadual, a Artesp, estima em R$ 3,373 bilhões ao longo da concessão. O projeto prevê a implantação de três praças de pedágio, sendo duas praças no trecho de planalto (km 15,7 e km 56,6) e uma no Contorno de Caraguatatuba. O valor da tarifa quilométrica de pista simples está estipulado em R$ 0,077, já os trechos de pista dupla foram fixados em R$ 0,108 por quilômetro.

A cobrança só será iniciada a partir do segundo ano de contrato, condicionada à conclusão de 6% das obras de duplicação do trecho de serra da rodovia e de serviços de melhorias, e estará plenamente implementada apenas após a conclusão de cerca de 30% da execução das obras, o que está previsto para até o quarto ano de contrato.

Além de operar o trecho, a Queiroz Galvão, se confirmada como vencedora da licitação, deverá realizar a duplicação do trecho de serra da rodovia, o que consumirá R$ 2,9 bilhões em investimentos, com aporte de R$ 2,185 bilhões do governo paulista. Outro R$ 1 bilhão em obras está previsto ao longo dos 30 anos do contrato.

A diretora geral da Artesp, Karla Bertocco Trindade, sugeriu que a agressividade da Queiroz Galvão na tentativa de conquistar a concessão poderia estar relacionada a ganhos de eficiência e escala que a empresa poderia obter, tendo em vista seu conhecimento da região. Ela lembrou que a construtora Queiroz Galvão é responsável pelas obras dos contornos de Caraguatatuba e São Sebastião, que estão em andamento e farão parte da concessão.

A Artesp ainda vai analisar o plano de negócios da Queiroz Galvão para a Tamoios antes de homologá-la como vencedora da licitação, o que deve levar cerca de duas semanas.