A forte desaceleração no ritmo de crescimento do setor de serviços acompanha a redução nas encomendas da indústria, do governo e do comércio, segundo Roberto Saldanha, técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em novembro do ano passado, o setor teve crescimento nominal de apenas 3,7%, o pior resultado da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços, que teve início em janeiro de 2012.
“Os serviços passam por uma desaceleração provocada por uma redução no consumo das famílias, um consumo menor das empresas principalmente industriais e até do governo, que estão cortando seus custos e demandando menos serviços”, explicou Saldanha. “Os serviços acompanham as encomendas da indústria, do governo, do comércio. Quando as encomendas estão reduzidas, refletem aqui (na pesquisa)”, acrescentou.
Um exemplo do impacto do corte de gastos foi a queda de 5,8% em novembro de 2014 ante novembro de 2013 no ramo de publicidade e pesquisa de mercado. “Quem anuncia na mídia são empresas, e elas começam a cortar gastos em publicidade e propaganda”, apontou Saldanha. Outro reflexo do desaquecimento da demanda está no subsetor de serviços administrativos e complementares, que abrange os aluguéis não imobiliários, ramo que amargou uma queda de 6,6% em novembro.
“São aluguéis de máquinas e equipamentos, de andaime, máquina para a engenharia civil, geradores”, contou. “É claramente um corte. Quem contrata isso são empresas de engenharia. Se ela não tem serviços, também não tem contratação de máquinas e equipamentos”, lembrou.
Já a redução de encomendas da indústria tem provocado a menor demanda por frete. Em novembro do ano passado, o setor de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio cresceu 3,9% em relação a novembro de 2013. O transporte terrestre teve expansão de 3,8%, e o aéreo, 2,2%. Mas o destaque foi o subsetor de armazenagem, serviços auxiliares dos transportes e correio, com alta de 2,8% em novembro, após crescimento de 4,9% em outubro.
“Em armazenagem, houve redução de 2,3% em São Paulo, que é maior produtor de serviços do País. Foi resultado do próprio desaquecimento da economia como um todo, porque esse segmento acompanha os transportes terrestre e aéreo, além das indústrias. É menos volume de carga sendo armazenado, então um volume menor de serviços prestados ao transporte terrestre e aéreo”, justificou o técnico do IBGE.