Queda no PIB mostra que é precisa baratear investimentos

A redução do crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre do ano, na comparação com o quarto trimestre de 2008, e a queda dos investimentos em 12,6%, a maior desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1996, mostram que o governo deve intensificar ações que incentivem o investimento.

A avaliação é do economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que defende a criação, pelo governo, de instrumentos de incentivo fiscal e/ou financeiro para investidores. De janeiro a março deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) caiu 0,8% em comparação com o trimestre anterior.

“Não entendo por que o governo se limitou a aumentar recursos do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] em investimentos. O empresário, mesmo tendo financiamento, pode não investir. O governo deveria construir um instrumento de incentivo fiscal e/ou financeiro que barateasse o investimento”, afirmou Almeida, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo o economista, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor automobilístico é um exemplo de como essas ações têm efeito imediato e devem ser expandidas para outros segmentos. “A redução do IPI não impediu que houvesse demissões no setor, mas amenizou o problema. É importante que o governo atue nessa direção e faça um mix de redução de impostos”.

No cenário atual e com os instrumentos adotados, Almeida disse que não há perspectivas de melhora tão cedo. Para ele, o crescimento da economia projetado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de 1% neste ano, é pouco provável.

“Acho muito difícil porque o tombo do último trimestre do ano passado e do primeiro deste ano são difíceis de compensar imediatamente. Acredito mais numa posição de 0 X 0. Se ficarmos em 0 de crescimento, não será um mau resultado, considerando os efeitos da crise”, afirmou. Na avaliação do economista, mesmo sem crescer, o país ainda estará bem posicionado no cenário mundial. “Vai ser um ano perdido, mas que para outros países foi mais perdido ainda. Então, o Brasil ainda estará bem colocado.”

Com a diminuição drástica do comércio mundial depois da crise, o mercado internacional, segundo Almeida, se tornou uma “ferida”, sobretudo para a indústria. Alguns segmentos em que o país se destacava, como o de automóveis, aço e motores elétricos, tiveram redução nas vendas externas de 47%, 50% e 60%, respectivamente.

Dessa forma, apesar de reconhecer que esperar que os empresários invistam nesse momento, com as condições dadas, é pedir demais, Almeida diz que, com a atual capacidade ociosa, levarão vantagem no pós-crise aqueles que investirem em qualidade e inovação. “A crise é sempre um momento doloroso, mas também de oportunidade. Economia é, num momento de crise, apostar.”

Segundo o economista, o governo poderia contribuir para essa preparação dos empresários para o fim da crise. “Seria muito interessante o governo lançar um programa relevante para incentivar investimentos em qualidade, o que aumentaria a competitividade, e inovação”, concluiu.

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