É fato. o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) – que mostra a inflação do dia 15 de um mês até o dia 15 do outro mês – ficou praticamente estável entre o final de agosto e o início de setembro, influenciado principalmente pela queda de preço de alguns alimentos, como por exemplo o arroz, o feijão, o leite, o tomate e o pão francês. E isto ocorreu depois de meses de alta nos preços. Porém, as análises dos economistas são divergentes quando o assunto é o peso no bolso do consumidor. A população, por sua vez, também está confusa com o vai-e-vem dos preços, e muitos não acreditam que a queda vai mesmo chegar ao preço final nas prateleiras dos supermercados.
O proprietário de restaurante João Macedo disse que não observou queda nos preços de frutas e verduras e, além disso, afirmou que o feijão e a carne, por exemplo, não têm o preço reduzido há muito tempo. “Eu ainda não senti essa diminuição no bolso. E também não estou otimista com a queda. Acredito que os índices de inflação são muito especulados, o que faz com que aumente alguns preços”, analisou. A mesma percepção tem a dona de casa Doroti Ocayama. “Ouço falar tanto de que baixaram alguns preços, mas na verdade só vejo o contrário. Não senti diferença nenhuma ainda”, disse.
Essa confusão dos consumidores tem uma explicação. Segundo o economista e professor da UniFae, Gilmar Lourenço, a percepção da população é a realidade. Segundo ele, é muito difícil do consumidor verificar a queda de preços dos produtos de imediato. “Nestes casos, normalmente o empresário fica na defensiva e adota estratégias cautelosas. Por exemplo, como muitos deles acreditam que a inflação vai aumentar, então não transferem, ainda, a redução de preços para o consumidor”, analisou o economista.
Outro problema, segundo Lourenço, é que como o Brasil vive um momento de aquecimento da economia, o que faz aumentar o consumo, os empresários provavelmente não vão querer abrir mão desse lucro. Sem falar na instabilidade da economia internacional, que segundo Lourenço também está afetando o comportamento do empresário. “As empresas podem imaginar que dias piores virão”, afirmou.
Já o aposentado Evany de Miranda Sette afirmou que já notou a diminuição de preços, principalmente do tomate. “Eu já percebi que estou gastando menos”, disse.
Para o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconomicos (Dieese), Sandro Silva, o cenário é otimista. Mas este otimismo vale apenas para a redução dos produtos da cesta básica, pois em agosto a queda em Curitiba foi de -5,88%, seguido de meses de alta. Segundo ele, a tendência de diminuição da cesta deve continuar em setembro. O economista destacou, porém, que embora os preços destes alimentos básicos tenham começado a cair em agosto, eles ainda continuam altos, pois de janeiro a agosto deste ano, a cesta básica em Curitiba teve alta de 22,81%, e nos últimos 12 meses, de 31,93%.