Queda no IGP-M abre espaço para negociar contratos

Com a queda do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), que reajusta o valor do aluguel, dos financiamentos imobiliários e dos consórcios, chegou a hora dos consumidores negociarem os contratos, na avaliação de especialistas.

Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), depois de registrar deflação de 0,07 em maio, o IGP-M ficou em 0,10% em junho. Na segunda prévia de julho, o índice teve queda de 0,27%, ficando abaixo do observado no mesmo período do mês anterior, quando houve leve alta de 0,07 %. No ano, o índice acumula queda de 1,51%.

O diretor da Associação Brasileira dos Mutuários de Habitação (ABMH), Lúcio de Queiroz Delfino, lembra que quem tem contratos mensais corrigidos por esse índice tem direito de pagar mais barato no período em que houve deflação. Mas, segundo ele, em geral os contratos são anuais e por isso nem sempre o consumidor vai poder pagar menos. Por exemplo, afirma Delfino, nos doze meses fechados em junho, houve aumento do IGP-M de 1,52%.

Para o vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, apesar de os reajustes serem feitos ao final do contrato, nada impede que o consumidor negocie antes. Entretanto, ele não acredita que o índice permaneça negativo ao longo do ano. Segundo pesquisa do Banco Central, o IGP-M deve fechar o ano em 0,44%.

Oliveira lembra que em anos anteriores o IGP-M subia acima dos reajustes de salários, o que causava problemas para quem pagava aluguel ou financiamentos corrigidos pelo índice. Neste ano, a expectativa é de reajustes menores.

Mesmo com previsão de que os consumidores pagarão menos pelo aluguel, o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), Flávio Prando, considera que o imóvel está sendo vitos como uma forma de investimento e esse é um dos fatores que tem levado à recuperação do setor.

“As pessoas estão vendo o imóvel como moeda forte, comparativamente ao mercado financeiro, que teve perdas no ano passado, e após as reduções da Selic [taxa básica de juros], que fazem com que os fundos de investimento tenham rentabilidade menor”, argumentou. Além desse aspecto, Prando considera que o programa Minha Casa, Minha Vida também tem estimulado o setor por contar com juros mais atrativos e subsídios.

Segundo Prando, no ínicio do ano houve redução de lançamentos de empreendimentos imobiliários por causa dos efeitos da crise financeira internacional no país, mas com recuperação a partir de maio. A expectativa é fechar o ano com lançamento de 28 mil unidades em São Paulo, contra 35 mil registradas no ano passado. De acordo Prando, a projeção para este ano ainda pode ser revisada para cima a depender do resultado dos próximos dois meses. O estado representa cerca de 40% da comercialização de imóveis no país. “Acreditamos em um crescimento paulatino e sustentável do mercado”.

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