Queda na produção de roupas preocupa Sindivestuário

A defasagem entre os números mais recentes de produção e vendas de artigos de vestuário tem aumentado a preocupação de representantes do setor. Em setembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apurou que a produção de vestuário e acessórios sofreu uma queda de 11,9% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Nesta mesma comparação, as vendas exibiram um crescimento de 0,6%.

O presidente do Sindivestuário, Ronald Masijah, atribui o hiato entre produção e vendas no setor de vestuário “à avalanche de produtos chineses que chega a todo momento ao País”, facilitada por uma série fatores, entre eles a valorização do real e os altos encargos tributários e trabalhistas no Brasil. De acordo com ele, isso leva o custo de cerca de 40% sobre cada peça de roupa produzida no Brasil ante menos de 13% das peças chinesas. “O setor de vestuário vem apresentando queda da atividade industrial de forma preocupante”, diz Masijah. Ele reforça que em setembro houve redução de quase todos os seis indicadores pesquisados na comparação com o mesmo mês do ano anterior.

No começo de agosto foi lançado pelo governo federal o Plano Brasil Maior para aumentar a competitividade da indústria nacional, sob o lema “Inovar para Competir. Competir para Crescer”, que estabelece uma nova política industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior. Entre as várias medidas colocadas em prática pelo Brasil Maior estão a permissão para desconto imediato dos impostos pagos na aquisição de máquinas para a indústria e a desoneração da folha de pagamento para os setores que empregam grande volume de mão de obra, como os de confecção e calçados, por exemplo.

Talvez seja ainda muito cedo para se observar algum impacto do plano sobre a produção da indústria. O que há de concreto, a se basear nos dados das entidades representantes do setor, são dados poucos animadores. O faturamento da indústria de vestuário, por exemplo, de acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), despencou de uma expansão de 4,1% em agosto para um recuo de 3,4% em setembro. “O vestuário é o setor com a quarta maior queda do faturamento nessa comparação”, completa Masijah.

As horas trabalhadas na indústria de vestuário sofreram uma queda de 4,1% em setembro, segundo afirma o economista do Sindivestuário, Haroldo Silva. Em agosto, de acordo com ele, as horas trabalhadas já haviam caído 3,7%. O emprego em setembro caiu 3,8% na comparação com idêntico mês em 2010. “As quedas das horas trabalhadas e do emprego do setor fizeram a utilização da capacidade instalada recuar 0,7 ponto porcentual frente setembro de 2010”, diz.

“Assim, o Brasil vai desempregar todos os seus quase 2 milhões de trabalhadores do setor de vestuário e transferir alguns poucos para o setor de serviços, vendedores de roupas chinesas. Algo precisa ser feito urgentemente pelo governo federal”, diz Masijah.

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