Queda na demanda doméstica e real reforçam importância das exportações, diz CNI

A queda na demanda doméstica e a desvalorização do real têm estimulado empresários a investirem nas vendas externas, segundo Sondagem Especial Comércio Exterior, divulgada nesta quarta-feira, 16, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A pesquisa aponta que 57% das indústrias que exportaram no último ano pretendem elevar as vendas externas nos próximos 12 meses. Entre as que pretendem exportar, 42% acreditam que as exportações vão aumentar a participação em seu faturamento bruto; outras 45% esperam estabilidade e 12%, queda.

“Em um cenário de queda na demanda doméstica, o aumento das exportações é uma saída para as empresas. É preciso mobilizar todos os instrumentos que facilitem esse processo, do combate à burocracia à eliminação do viés anti exportação das políticas domésticas. As empresas precisam de um ambiente mais favorável e que priorize uma atividade com tamanho potencial de gerar empregos”, afirma o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes, em nota divulgada pela entidade.

A Sondagem da CNI ouviu 2.344 empresas de 28 setores da indústria de transformação e de quatro da indústria extrativa, entre os dias 1º e 13 de julho. Entre os entrevistados, 28% afirmaram que exportaram nos últimos 12 meses. Outros 48% não exportaram e 23% não quiseram ou não souberam responder.

Do total, 35% tomaram alguma medida parra aumentar as exportações ou começar a exportar. Esse porcentual sobe para 83% entre as empresas já exportadoras. De acordo com 53% dos entrevistados, a principal motivação das empresas para iniciar ou aumentar as exportações foi a busca de novos mercados.

Os setores com maior porcentual de empresas exportadoras dispostas a ampliar as vendas externas são: máquinas e equipamentos, têxtil e minerais não metálicos. Os setores com menor porcentual de empresas que esperam aumentar as exportações são: papel e celulose e extração de minerais não metálicos.

A pesquisa revela ainda que, entre as empresas que não exportaram (48% do total), 13% pretendem passar a exportar e outras 14% realizaram ações de promoção com esse

objetivo.

Entraves

A principal dificuldade apontada pelas empresas para a atividade exportadora é a burocracia, seja para aumentar as exportações, seja para começar a exportar. A burocracia foi apontada por 32% das empresas como o maior entrave à exportação. Em seguida, o sistema tributário brasileiro foi assinalado por 24% das empresas (exportadoras ou não).

Esses dois problemas também estão entre as maiores dificuldades para a expansão das vendas externas de empresas já exportadoras. Em seguida, vem a infraestrutura de transporte, a taxa de câmbio, barreiras tarifárias e não tarifárias e financiamento para a exportação.

Importados

O levantamento da CNI apontou ainda que 40% dos entrevistados afirmaram enfrentar concorrência com produtos importados de forma direta. Esse volume aumenta de acordo com o porte da empresa, passando de 27% das pequenas para 55% das grandes. Os setores mais sujeitos à concorrência são informática, eletrônicos e ópticos, seguidos por têxtil, produtos diversos e metalurgia.

A desvalorização do real tem estimulado a substituição de insumos e matérias-primas importados por produtos nacionais. Das empresas que utilizam insumos importados, 23% pretendem reduzir o uso nos próximos 12 meses.

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