O coordenador-geral de Estudos, Previsão e Análise da Receita Federal, Marcelo Lettieri, informou hoje que a queda na arrecadação de impostos e contribuições federais, nos cinco primeiros meses do ano, é a pior já registrada para igual período desde 2003. De acordo com os dados divulgados hoje pela Receita, de janeiro a maio deste ano, as receitas federais somam R$ 267,341 bilhões. O resultado é 6,92% menor, em termos reais, que o registrado em igual período do ano passado.

continua após a publicidade

Lettieri detalhou as recentes reduções de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e as perdas que elas provocaram e vão provocar na arrecadação. No caso da redução do IPI sobre automóveis novos, por exemplo, a queda da arrecadação foi de R$ 1,5 bilhão no período de janeiro a maio. A arrecadação do IPI sobre caminhões provocou uma queda nas receitas de R$ 260 milhões.

Para a redução do IPI sobre eletrodomésticos da chamada linha branca, a Receita projeta uma queda de R$ 177 milhões de maio a agosto. Somente no mês de maio, essa redução de imposto significou queda de R$ 30 milhões na arrecadação. Além disso, a previsão da Receita é de que a redução do IPI para material de construção, em todo o período de vigência, represente uma queda de R$ 90 milhões nas receitas.

Lettieri disse que a Receita Federal não trabalha com a prorrogação dos prazos de desoneração de IPI para alguns setores. Mas admitiu que a decisão é do ministro da Fazenda, Guido Mantega. “A gente não está trabalhando mais com a ampliação de prazo de desonerações decorrentes da crise. Os setores que tiveram desoneração tiveram recuperação razoável. O setor automobilístico, por exemplo, em março atingiu o mesmo nível de março de 2008, que também foi o maior nível de venda do setor. Nós achamos que as desonerações já tiveram seu papel”, afirmou.

continua após a publicidade

Ele disse que as reduções de IPI foram eficientes do ponto de vista da economia, mas a repercussão nos demais tributos, em razão do aumento das vendas, não compensou as perdas com a desoneração. “A queda na arrecadação é controlada, reflete uma crise nunca vista na história do mundo, e o governo está tentando segurar a atividade econômica e o emprego. O governo aceita pagar a conta com arrecadação”, afirmou.