A queda dos juros básicos da economia tem potencial para liberar R$ 196 bilhões de renda do orçamento das famílias e das empresas brasileiras ao longo de 2018. Cálculos feitos pelo Ministério do Planejamento apontam que os juros mais baixos vão reduzir em R$ 147 bilhões o endividamento das famílias e em R$ 49 bilhões das empresas – o equivalente a cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

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O principal efeito desse processo é que os juros mais baixos permitem não só a renegociação de dívidas, trocando juros mais elevados por taxas mais baixas, como abrem espaço para o aumento da demanda na economia e dos investimentos. No dia 22 de março, a taxa Selic atingiu mínima histórica, chegando a 6,5% ao ano. Em outubro de 2016, quando o atual ciclo de queda começou, a Selic estava em 14,25%.

Para o secretário de Planejamento e Assuntos Econômicos do ministério, Marcos Ferrari, o potencial de aumento de renda aponta que a retomada do crescimento da economia é sustentável. Pelos cálculos do governo, o PIB do País deve crescer 3%. Os números mais fracos de janeiro, segundo ele, decorrem de fatores sazonais.

“As taxas de investimento e do crescimento vão aumentar este ano e um dos principais motivos é o ciclo monetário favorável”, diz Ferrari, ressaltando que os investimentos já crescem mais do que o consumo no País. Na sua avaliação, um bom sinal para mostrar a “qualidade” da expansão econômica.

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Segundo ele, as empresas podem fazer o pré-pagamento de uma dívida cara mediante outro financiamento mais barato. As famílias podem quitar sua dívida no cheque especial com um CDC (crédito direto ao consumidor) com juros mais baixos. “Isso libera recursos para uma alocação mais eficiente”, diz.

A economista Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), argumenta que consumidores com elevado endividamento não conseguem fazer acordos bons na renegociação aproveitando os juros mais baixos, o que leva a nova inadimplência. Segundo ela, as dívidas de cartão de crédito e as renegociadas são as que têm maior inadimplência. O Idec vai promover um seminário na Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, esta semana para discutir o problema.

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PIB

 

Apesar da projeção de alta maior do PIB em 2018, a preocupação em torno da sustentabilidade do crescimento entrou no radar dos economistas por causa das incertezas que rondam o País e do processo inconcluso de ajuste das contas públicas, com problemas fiscais sendo transferidos para depois das eleições.

A pergunta que tem sido feita aos economistas é se a retomada de agora corre o risco de ser atropelada. “O ajuste fiscal tem atuado positivamente na retomada do crescimento dada a ancoragem das expectativas e a melhora da confiança”, ressalta Ferrari.

O levantamento do ministério foi feito com base nos dados de crédito para pessoa física no Banco Central, divulgados na semana passada. O das empresas foi calculado levando-se em consideração o estoque de dívida de cerca de 270 companhias listadas na bolsa de valores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.