A desvalorização do real neste ano foi importante para o setor de máquinas agrícolas, que conseguiu elevar suas exportações no período. A dependência de alguns componentes importados não foi suficiente para retardar o aumento das exportações. Isso ocorreu devido à necessidade de as máquinas terem índices de nacionalização acima de 60% para fazerem parte do Moderfrota.
Com o máximo de 40% de peças importadas, uma máquina exportada sofre o impacto do câmbio apenas nessa parcela de seu custo total. Ou seja, paga-se mais caro por 40% das peças, mas isso é coberto quando a máquina é vendida para o exterior por 100% de seu valor em dólar, afirma Pérsio Pastri, vice-presidente da Anfavea (reúne os fabricantes de veículos automotores).
Por causa disso, as vendas de máquinas agrícolas para o exterior devem crescer 13,1% em 2002 em relação ao ano passado. Enquanto em 2001 as exportações somaram US$ 548 milhões, neste ano devem alcançar a marca de US$ 620 milhões.
As exportações de tratores foram as que mais subiram no período, em número de unidades – cresceram 29,8% apenas entre janeiro e novembro deste ano sobre o mesmo período do ano passado.
Segundo Pastri, isso se deve ao preço mais acessível do produto brasileiro e à sua qualidade equivalente à de máquinas fabricadas em outros países. Segundo ele, essas perspectivas devem continuar no ano que vem, mesmo que o câmbio volte a cair.
??É preciso lembrar que quase não exportamos nada para a Argentina neste ano, dada a crise naquele país. Mas já existem sinais de que a situação para os agricultores de lá está melhorando e eles precisarão, em breve, comprar mais máquinas, que poderemos oferecer para eles.”
Além disso, novos mercados se mostram propensos a comprar as máquinas brasileiras. Neste ano, foram vendidas máquinas para países como a África do Sul, que antes não comprava do país.
A New Holland, subsidiária da CNH (com planta industrial na Cidade Industrial de Curitiba), por exemplo, fechou uma venda de cem tratores para o Iraque para entrega até o fim deste ano por 4 milhões, subsidiados por um programa das Nações Unidas para a troca de óleo por alimentos.