O superintendente adjunto de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, afirmou nesta quinta-feira, 26, que o reflexo da queda do preço internacional do petróleo chegou aos preços de combustíveis no Brasil, mas que esse efeito tende a ser curto. “A queda do preço petróleo que já se deu no mercado internacional há alguns meses chegou com certa defasagem no mercado brasileiro”, afirmou.

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Segundo ele, no entanto, o cenário atual que já mostra um “potencial de recuperação” do preço da commodity, o que deve estancar a influência dessa pressão deflacionária. Quase metade da desaceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), recuo de 0,09% em fevereiro depois de alta de 0,56% em janeiro, é resultado da queda nos preços de bens intermediários, que incluem materiais e componentes para manufatura e combustíveis e lubrificantes para a produção.

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“O preço do petróleo demorou, mas finalmente foi transmitido para o mercado interno, mas isso está acabando e é provável que o impacto deflacionário no IPA não se repita mais, ou pelo menos seja mais fraco”, reforçou. “O principal deve ficar em fevereiro mesmo”, completou.

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“Já houve grande queda nos preços do querosene, por exemplo, que não vai se repetir”, afirmou. Segundo a FGV, o querosene de aviação caiu 12,61% em fevereiro ante queda de 1,86% registrada em janeiro.

Câmbio

Quadros destacou ainda que praticamente todos os componentes do IPA contribuíram para a desaceleração, a despeito da valorização cambial que tem ocorrido nos últimos meses. “Nos últimos seis meses tivemos uma desvalorização forte, de quase 25%. É uma taxa alta e por um período prolongado suficiente que já poderia ter gerado repasse, mas ainda não aconteceu”, afirmou.

Segundo ele, a pressão cambial ainda está restrita a alguns pontos iniciais da cadeia e ainda não avançou para os preços na ponta. “Pode ser que esse efeito venha a aparecer mais tarde, sempre acaba chegando, mas hoje essa não é uma preocupação de primeira grandeza”, avaliou.