Queda do dólar só chega ao consumo no segundo semestre

Quase um mês após o dólar ter recuado para menos de R$ 2, o consumidor ainda não sentiu no bolso o impacto do câmbio nos preços dos produtos comercializáveis, isto é, aqueles itens que podem ser importados ou exportados e são influenciados diretamente pelo câmbio. Em abril e maio, enquanto o dólar acumulou queda de 4,35%, os preços dos itens comercializáveis subiram em média 0,46%. Os dados são de um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com base nos preços dos produtos comercializáveis coletados para o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) de São Paulo.

Com base numa série histórica dos preços do produtos comercializáveis e do câmbio iniciada em 2002, o coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti, afirma que há um intervalo de três meses para que a queda do dólar se traduza em corte efetivo nos preços ao consumidor e de forma integral. A mesma série mostra que, quando o dólar aumenta, o repasse total para os preços no varejo demora apenas um mês.

"Os comerciantes têm a preocupação de repassar rapidamente os aumentos de custos, mas são muito mais cautelosos para reduzir os preços em razão do recuo do dólar", observa o economista. Ele acrescenta que o aquecimento do consumo atualmente contribui para retardar o corte nos preços e engordar, de certa forma, as margens de venda do comércio.

Nas contas de Picchetti, o efeito do novo patamar do câmbio, abaixo de R$ 2, deverá ficar nítido nos preços ao consumidor do produtos comercializáveis em meados de agosto. O dólar rompeu pela primeira vez o piso de R$ 2 em 15 de maio. Por isso, ressalta, o cenário é mais que favorável para a inflação nos próximos meses, apesar da elevação recente dos índices de inflação.

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