Queda do dólar estimula viagens para o exterior

Depois de um início de ano turbulento, marcado pela alta da moeda americana e guerra no Iraque, o mercado de turismo começa a reagir. Viagens para o exterior, que até então estavam sendo adiadas ou substituídas por pacotes internos, voltam a atrair a classe média com a recente queda do dólar. Em Curitiba, a estimativa dos agentes de viagens é que a procura por pacotes para o exterior aumente em até 20%.

“O mês de maio começou bem, principalmente se comparado a março e abril últimos”, diz o diretor de turismo emissivo da Associação Brasileira de Agências de Viagens no Paraná (Abav-PR), José Roberto Ghisi, proprietário da Canadian Turismo. De acordo com Ghisi, as vendas em março e abril foram menores do que no mesmo período de 2002, especialmente em função da guerra no Oriente e da cotação do dólar. Já em relação a maio, a expectativa é aumentar em 20% as vendas de pacotes para o exterior. “A procura só não é maior porque as pessoas estão temerosas com a pneumonia asiática”, aponta Ghisi. Esta época do ano apresenta outro ponto positivo em relação às viagens internacionais: começa em junho a temporada de verão na Europa – destino mais procurado nesse período.

Sobre os preços dos pacotes, Ghisi afirma que não tiveram – nem devem ter – muita alteração mesmo com a queda do dólar. “Até agora, as companhias aéreas não mexeram nas tarifas, mas devem mexer. Os descontos devem ser cortados”, acredita Ghisi. Um exemplo, segundo ele, é a passagem Curitiba a Paris, vendida por US$ 770, que deve voltar a custar US$ 920, com a recente redução do dólar. “Com o problema da guerra e o dólar alto, os aviões saíam praticamente vazios. Era preciso conceder descontos”, explica.

Demanda reprimida

O proprietário da Schultz Operadora, Aroldo Schultz, também está otimista com o cenário atual. Segundo ele, a procura por viagens internacionais já aumentou 15% em relação ao ano passado. Exemplo disso é que quase metade dos pacotes para 16 dias na Europa, com saída no dia 8 de junho, já está vendida, ao custo de US$ 2.118 por pessoa. “Havia uma demanda reprimida de brasileiros que gostariam de viajar para o exterior mas não o fizeram por conta da guerra e oscilação cambial”, aponta Schultz. Segundo ele, mesmo com o dólar mais caro do que no mesmo período de 2002 – atuais R$ 3 contra R$ 2,50 em maio do ano passado -, o brasileiro já se interessa em viajar para o exterior.

“O brasileiro se adapta muito fácil. Basta o dólar subir para quase R$ 4,00 e depois diminuir para R$ 3,00, que ele se empolga”, diz. Entre os destinos mais procurados, segundo Schultz, estão Lisboa, Paris, Roma, Disney e Buenos Aires. Para quem já está com a viagem marcada, o operador de turismo aconselha que aproveite o câmbio atual para comprar dólares (para quem tem os Estados Unidos como destino) e euro para quem vai para a Europa. “Quem vai para a Europa não deve comprar dólar porque há risco de desvalorização cambial”, alerta. Pacotes para países europeus aumentaram cerca de 10% em dólar também por conta da valorização do euro.

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