O cenário central do Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) da região que compreende a América Latina e o Caribe (LAC, na sigla em inglês) crescerá 3,2% em 2009, ante 4,6% estimados para este ano. Porém, o FMI apresentou, no relatório específico para o Hemisfério Ocidental, um cenário alternativo de risco, diante do reconhecimento de que aumentaram os riscos negativos para a América Latina em face da incerteza relacionada aos preços de matérias-primas (commodities).

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Citando que a economia mundial alcançará o “limiar da recessão em 2009”, o Fundo leva em conta o declínio médio dos preços de commodities em recessões passadas, ou seja, trabalha também com a hipótese de queda aguda de 35% em 2009 ante o nível de preços registrado de meados de 2008, para advertir que o PIB da América Latina encolheria para 0,7% em 2009, num caso como este. O nível de recessão para a economia mundial é caracterizado pelo FMI como um crescimento de 3% ou abaixo disso.

 

No cenário alternativo de risco para a América Latina, o FMI teve objetivo de medir o impacto da queda média de 35% dos preços de commodities em 2009, ante meados de 2008 – que é uma magnitude calculada com base em declínios de preços registrados durante recessões mundiais no passado – sobre o crescimento da região classificada como América Latina 6 – que agrega Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru – responsável por cerca de 80% do produto regional.

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Segundo as projeções do documento, as economias da América do Sul devem avançar 5,5% em 2008 e desacelerar para 3,6% em 2009. A América Central deve crescer 4,6% em 2008 e perder fôlego para 4,2% no ano seguinte. A região do Caribe deve crescer 3,7% este ano e desacelerar para 2,9% em 2009.

Impacto da crise

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O FMI alerta que a defasagem na transmissão dos choques financeiros derivados dos Estados Unidos sugere que os efeitos sobre o crescimento na América Latina podem ainda estar a caminho, segundo o relatório divulgado hoje. “Os choques das condições financeiras nos EUA afetam a América Latina com uma defasagem, (sendo que) o pico do efeito ocorre depois de um ano e meio”, avisa o Fundo.

 

No documento, o FMI acrescenta que um choque de atividade nos EUA é transmitido mais rapidamente para a América Latina do que um choque financeiro. Segundo o Fundo, “a turbulência global representa uma confluência de choques negativos para a região compreendida pela América Latina e Caribe: congelamento dos mercados de crédito, demanda externa mais fraca e preços mais baixos de commodities”.

O FMI ainda alerta que estes choques podem ter fortes círculos negativos, particularmente para as condições de financiamento.

O Fundo reconhece que a região formada pela LAC deve lidar com os choques atuais de uma maneira melhor do que nas crises anteriores, refletindo o “progresso que diversos países na região fizeram ao melhorarem os fundamentos macroeconômicos ao longo da década passada”, mas o Fundo aponta riscos para a região.

Riscos

O risco principal, reitera o FMI, é a perspectiva para os preços de commodities “que permanecem elevados, mas poderiam cair mais em linha com a experiência em declínios mundiais anteriores”.

Há ainda o risco de que a recente aceleração da inflação possa inverter parte dos ganhos sociais na região compreendida pela LAC, adverte o Fundo. Segundo o FMI, inflação mais elevada coloca em risco a perspectiva de crescimento e pode aumentar a pobreza por meio da redução do poder de compra dos salários, fazendo com que a desigualdade social aumente. “Estudos empíricos mostram que inflação é prejudicial para os pobres e para a distribuição de renda.” Desta forma, a desigualdade social pode aumentar.