Adeptos de uma alimentação saudável, com direito a salada, pagaram um pouco menos para comer em setembro. A queda de 9,44% no preço do tomate foi determinante para a redução de 0,79% no custo da cesta básica de Curitiba, segundo a pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PR). É o quarto melhor resultado para o mês desde 1995.

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A alimentação essencial totalizou R$ 242,07 por trabalhador – apenas R$ 1,93 a menos do que em agosto. “Houve deflação apesar de oito dos treze itens apresentarem alta, a maioria em função da entressafra”, aponta o economista Sandro Silva, do Dieese-PR.

Segundo ele, a safra 2010/2011 de tomate foi prejudicada por problemas climáticos, como chuva e frio, que reduziram a oferta e pressionaram os preços. Apesar do recuo em setembro, não foi suficiente para anular o forte aumento registrado em agosto (16,26%). No ano, o tomate segue como vilão da cesta básica, com acréscimo de 51,46%, mais que o dobro do segundo colocado, o café (21,13%). O preço médio do tomate ficou em R$ 2,59 o quilo – contra R$ 1,65 no ano passado.

A batata apresentou a segunda maior diminuição de preços no último mês: -4,72%, dando sequência à tendência de recuo dos últimos meses. De maio a setembro, o produto barateou 34,59%.

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Já quem é “chegado” nos doces teve que desembolsar mais no último mês, em Curitiba, já que o açúcar teve a maior alta (4,07%), um pouco abaixo do reajuste verificado em agosto (4,74%). Para Silva, a entressafra e a pressão de aumento no consumo, motivada pela queda na safra de países produtores e o incremento nas exportações brasileiras de açúcar e etanol, explicam essa elevação.

O café também encareceu pelo segundo mês consecutivo. Depois de subir 3,01% em agosto, teve elevação de 3,65% em setembro. “Além da entressafra, esse ano é o de menor produção na cultura, que alterna um ano de safra maior com outro de menor”, detalha o economista.

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O leite ficou 2,45% mais caro, após a retração de 0,46% em agosto. “No meio do ano não subiu como normalmente acontece e foi influenciado por questões internacionais”, avalia Silva. Já a carne, item de maior peso no bolso do curitibano (correspondente a 40% do valor da cesta) teve um leve aumento, de 0,20%. O segundo item com maior impacto no orçamento, em função do consumo diário, é o pão francês, com oscilação de 1,96%.

Com a deflação no mês passado, a cesta da capital paranaense acumula variação negativa de 0,78% no ano, mas nos últimos doze meses registra um acréscimo de 10,39%. Entre as 17 capitais pesquisadas pelo Dieese, nove apresentaram redução nos preços da alimentação básica no mês passado. Curitiba ficou no meio do ranking, com a oitava maior queda. Em valores absolutos, a capital paranaense tem a oitava cesta mais cara do País.

Em outubro, dificilmente a cesta curitibana voltará a apresentar variação negativa. “O que pode segurar a queda causada pela entressafra é a crise, que reduz o preço das commodities, mas a desvalorização do real diante do dólar deve compensar esta queda”, avalia Silva.