Queda de 4,7% no PIB no acumulado em 4 trimestres é a maior da série desde 1996

A queda de 4,7% no Produto Interno Bruto (PIB) no acumulado em quatro trimestres até o primeiro trimestre de 2016, na comparação com período imediatamente anterior, é a maior da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 1996. O quadro piorou em relação ao ano fechado de 2015, quando o recuo no PIB foi de 3,8%, o maior desde 1990.

Levando em conta o acumulado em quatro trimestres, o consumo das famílias (-5,2%) e a formação bruta de capital fixo (FBCF, com -15,9%) também registraram os priores desempenhos da série iniciada em 1996, informou o IBGE.

Indústria extrativa

De acordo com o IBGE, o PIB da indústria extrativa recuou 9,6% no primeiro trimestre de 2016 ante igual trimestre de 2015. Trata-se da maior queda já registrada na série das Contas Nacionais Trimestrais, iniciada em 1996.

Segundo o instituto, o desempenho da indústria extrativa foi afetado tanto pela queda da extração de minérios ferrosos quanto pelo recuo da extração de petróleo e gás natural.

O PIB da indústria da transformação, por sua vez, diminuiu 10,5% no primeiro trimestre de 2016 ante igual período do ano passado. Já o PIB da indústria da construção caiu 6,2% na mesma base de comparação.

A produção e distribuição de eletricidade, gás e água subiu 4,2% no primeiro trimestre de 2016 ante igual período de 2015, informou o IBGE.

Para a gerente de Contas Trimestrais do IBGE, Claudia Dionísio, o ritmo de queda do PIB da indústria extrativa no primeiro trimestre de 2016 foi mais de duas vezes mais adverso do que a variação registrada no quarto trimestre do ano passado. A extração de minério de ferro acentuou as perdas no período, embora também tenha havido redução no segmento de petróleo.

No quarto trimestre de 2015, a queda havia sido de 4,1%. “A indústria extrativa mais que dobrou o ritmo de queda. O minério de ferro caiu mais do que petróleo, mas o petróleo pesa mais. Houve parada programada de algumas plataformas para manutenção”, explicou Claudia.

Já na indústria de transformação, a queda de 10,5% no PIB no primeiro trimestre de 2016 ante igual período do ano passado foi puxada principalmente por bens de capital e bens de consumo duráveis. Segundo o IBGE, houve desempenho negativo de setores como máquinas e equipamentos, automóveis, outros equipamentos de transporte, produtos metalúrgicos, produtos de metal e produtos eletroeletrônicos e equipamentos de informática.

“Isso está relacionado à queda no investimento e no consumo das famílias”, pontuou Claudia.

Setor externo

Em contrapartida, o IBGE destacou que o setor externo deu, mais uma vez, contribuição positiva ao PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2016. “A desvalorização cambial e a atividade econômica interna mais fraca favoreceram as exportações”, explicou Claudia Dionísio.

Nos três primeiros meses deste ano, as exportações subiram 13,0% ante igual período de 2015, enquanto as importações caíram 21,7%. É por essa combinação de resultados que o setor externo acaba contribuindo positivamente.

“O setor externo vem tendo contribuição positiva desde o primeiro trimestre de 2015”, frisou Claudia.

A demanda interna, por sua vez, tem contribuição negativa, tanto na margem quanto na comparação interanual. Ante o primeiro trimestre de 2015, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) encolheu 17,5%, enquanto o consumo do governo cedeu 1,4% e o consumo das famílias caiu 6,3%.

Sob a ótica da oferta, o PIB de serviços acaba tendo contribuição negativa maior, uma vez que corresponde a quase 70% do PIB como um todo. No primeiro trimestre de 2016, a atividade de serviços encolheu 3,7% ante igual período do ano passado.

A melhora no desempenho do setor de exportações no PIB é resultado da desvalorização cambial e da atividade econômica interna mais fraca, de acordo com o IBGE. No primeiro trimestre de 2016, as exportações subiram 6,5% em comparação com o quarto trimestre de 2015. A contribuição positiva do setor externo no PIB acontece desde o primeiro trimestre do último ano.

“Pelo lado do setor externo, houve uma variação bem maior da exportação. A tendência não mudou, a última queda foi no 4º trimestre de 2014. Mas nesse trimestre essa contribuição aumentou”, ressaltou Claudia Dionisio.

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