A produção de autoveículos e máquinas agrícolas no Paraná apresentou queda de 23,26% de janeiro a agosto, totalizando 106.891 unidades ante 139.292 em igual período de 2001. O desempenho das montadoras do Estado foi pior que a redução ocorrida no País, de 10,37%. O recuo superior registrado no Paraná foi motivado pelo maior estoque de veículos e pela ausência de modelos populares no mix das empresas locais, segundo balanço divulgado ontem pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba e Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).
De julho para agosto, houve retração de 22,31% na produção de autoveículos e máquinas agrícolas no Estado. Houve elevação na produção da Audi (5,74%) e Nissan (44,81%), mas as demais marcas registraram redução: Renault (-35,57%), comerciais leves da Renault (-37,89%), Volkswagen (-23,30%), Case New Holland (-12,87%) e Volvo (-12,03%). Na comparação dos oito meses iniciais de 2002 com o mesmo período do ano passado, o único destaque positivo é a CNH, com elevação de 11,53%. Registram queda: Renault (-42,65%), Audi (-23,37%), Volvo (-14,88%) e Volkswagen (-11,96%).
A participação das montadoras paranaenses na produção nacional de carros ficou em 8,84% em agosto. No acumulado do ano, passou de 10,54% em 2001, para 9,02%. A maior participação no mercado nacional é o setor de máquinas agrícolas, onde a CNH detém 25,25% do total do País. Na exportação, também houve diminuição – de 13,13% sobre os oito primeiros meses de 2001, passando de 43.757 para 38.012 unidades. Nesse ano, entretanto, 36,35% dos automóveis feitos no Paraná foram exportados – ante 32,46% em 2001. A Volkswagen destinou 63,49% da produção ao mercado exterior, a Audi 9,96%, a Renault 4,84%, a Volvo 12,27% e a CNH 11,19%.
Em agosto, foram abertas duas novas vagas no pólo automotivo do Estado, representando 7.362 empregos diretos. No ano já foram eliminadas 225 vagas e nos últimos doze meses, houve redução de 444 postos de trabalho.
Sinais de melhora
Apesar do cenário negativo até o momento, há tendência de retomada do setor até o final do ano. “A pior situação é quando há indicadores negativos sem perspectivas. Mas o mercado nacional já apresenta sinais de recuperação”, cita o economista Cid Cordeiro, do Dieese. Em agosto, as vendas de carros cresceram 14,7% no País, embora a produção tenha caído 6,4%. “É necessário uma recuperação por dois a três meses nas vendas para se refletir em aumento da produção”, assinala. Entre os fatores que ajudaram nas vendas, está a mudança do IPI.
Os lançamentos de novos modelos também prometem aquecer o mercado. A Volks já anunciou o início da produção de um novo carro da família Polo a partir do ano que vem. Extra-oficialmente, a Renault também estuda a possibilidade de fabricar um novo carro em São José dos Pinhais em 2003. Fala-se em um veículo voltado à exportação – o Mégane geração III, atualmente feito na Argentina – ou um carro popular, que poderia ser o Clio III, lançado pela Renault do México. A capacidade da planta é para 120 mil veículos/ano. Para o ano que vem, a previsão é fabricar 83 mil carros para atender o mercado interno, número que chegaria a 110 mil se vier a exportação.
Caso se confirmem os planos de exportação, em duas a três semanas a Renault terá que recontratar, prevê o sindicalista Núncio Manala. Segundo o Sindicato, nos últimos meses cerca de 160 empregados se desligaram da montadora francesa, sendo 110 da linha de montagem.
Interior teve mais vagas
O Paraná gerou 70.949 empregos formais de janeiro a agosto deste ano, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. O levantamento, baseado no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) confirmou que a expansão dos empregos continua se dando com maior ênfase no interior do Estado. Os municípios do interior ficaram com 59.078 vagas, representando 83,2% do total de empregos gerados no período. A Região Metropolitana de Curitiba ficou com 11.871 ou 16,7% do total de vagas. A pesquisa também indicou que a indústria de transformação foi o setor que mais contribuiu para o aumento, com 26.433 empregos. Na seqüência, aparecem os setores de serviço (14.464), agricultura (14.080) e comércio (11.535). O número de novos postos de trabalho no Paraná, no acumulado do ano, supera o dos nove Estados do Nordeste juntos (46.945) ou dos sete Estados do Norte (32.193). Também supera a soma os empregos gerados por Santa Catarina (34.661) e pelo Rio Grande do Sul (22.797). Entre os Estados do Sul, o Paraná teve o melhor desempenho tanto em agosto como no acumulado do ano.