Queda da Selic é inevitável, diz Mantega

São Paulo (AE) – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, disse ontem que há condições para o Conselho Monetário Nacional (CMN) diminuir a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) na próxima reunião, caso o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central promova a redução da taxa básica de juros. Segundo ele, o cenário atual, de inflação baixa ou deflação, apontado por diversos índices, possibilita que o Copom promova a queda da Selic. ?Me parece inevitável, porque todos os índices estão caindo?, observou. ?Caindo a Selic, a TJLP também tem condições de cair. É o que esperamos que aconteça na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional, que se dará agora, no final de setembro?, acrescentou.

Mantega recordou que, enquanto a Selic apresentou trajetória de alta, a partir de setembro do ano passado, para depois permanecer em estável, mas em um nível atual ainda elevado de 19,75% ao ano, a TJLP permaneceu na faixa de 9,75% ao ano. Segundo ele, essa manutenção permitiu que o BNDES – que utiliza a TJLP com base para os empréstimos – oferecesse financiamentos mais baratos.

Ele afirmou ainda que espera para 2006 um crescimento econômico mais expressivo que o projetado para 2005. De acordo com Mantega, o atual cenário favorável da economia, com bons números da balança comercial e índices de inflação sob controle, por exemplo, permitem que o período de desempenho otimista não seja efêmero.

?O País já está na rota do crescimento e não é aquele vôo de galinha que, hoje em dia, ninguém tem mais coragem de falar?, afirmou Mantega. ?Cresceu no ano passado 5%, vai crescer neste ano de 3,5% a 4% e, pelas condições que estão sendo dadas, o ano que vem também será favorável. Nós teremos um crescimento em torno de 5% para o próximo ano?, opinou.

Mantega disse ter certeza de que a economia brasileira está ?blindada? em relação à crise política que atingiu o governo e o Poder Legislativo. Ele argumentou que esta segurança existe porque os fundamentos econômicos do País ?nunca estiveram tão sólidos?. ?O governo é responsável, o superávit primário está acima de 4,25% e, portanto, haverá equilíbrio das contas públicas e a inflação (está) sob controle. É para isso que o investidor está olhando, e o investidor está lucrando?, afirmou. ?A crise política passou ao largo da economia?, destacou.

O presidente do BNDES defendeu que o Congresso Nacional, por meio das Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito (CPMIs), encerre o atual processo de apuração das denúncias e passe os casos de corrupção para autoridades, segundo ele, mais especializadas na investigação. ?As CPMIs têm uma função importante e vão até um certo ponto, mas quem consegue fazer uma investigação realmente profunda é a Polícia Federal e o Ministério Público?, comentou. ?Está na hora de encerrar este processo e deixar o Congresso voltar às suas atividades normais? acrescentou, ressaltando que é favorável à punição de todos os culpados. 

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