Queda da produção industrial reforça quadro de economia fraca, avalia Besi Brasil

A queda de 0,8% na produção industrial em março ante fevereiro, na série com ajuste sazonal, surpreendeu o economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, que projetava recuo de 0,4% na margem. Na avaliação dele, a retração é reflexo de fatores domésticos, como desaceleração da atividade econômica e desequilíbrios intersetoriais gerados por incentivos equivocados concedidos no passado, e mostra que o quadro atual na indústria é de contração, e não mais de estagnação. “Em geral, o resultado só reforça o quadro de atividade econômica fraca, especialmente do lado da indústria”, comentou.

O economista ressaltou que a contração da produção industrial foi “espalhada” entre as categorias analisadas. Segundo ele, a mais marcante foi a de bens duráveis, que acumula queda de quase 16% no primeiro trimestre e de mais de 13% nos últimos 12 meses. “Aqui está o desequilíbrio intersetorial por incentivos equivocados. Por que reduziu o IPI para veículos?”, afirmou.

De acordo com Serrano, a queda de bens duráveis também é reflexo do aumento dos custos de produção em geral, tanto de insumos quanto da mão de obra. Reflete ainda, acrescentou, o recuo da renda dos trabalhadores, em razão da deterioração do mercado de trabalho, restrição do crédito e confiança em baixa. “O setor está se ajustando à nova realidade”, disse, destacando que esse cenário de ajuste não deve mudar no curto prazo, com os números continuando fracos na margem.

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