Rio de Janeiro – Os trabalhadores brasileiros tiveram resultados positivos nas negociações salariais do primeiro semestre do ano.
Segundo o levantamento digulgado nesta sexta-feira (17) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), dentre as 280 negociações analisadas, 88% resultaram em aumentos ou superiores à inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Os acordos e convenções coletivas foram mais favoráveis que os registrados em 2006, quando o percentual de reajuste salarial acima da inflação foi de 82%.
Em 60% dos casos, os ganhos reais (que ultrapassam a inflação) ficaram acima de 1%.
Para o supervisor do Dieese no Rio de Janeiro, Paulo Jager, resultados melhores em negociações entre patrões e empregados estão relacionados com controle da inflação e com o crescimento da economia do país, ainda que em níveis abaixo do esperado.
?Só nos últimos anos a inflação deu espaço para que fosse possível negociar ganhos reais em vez de apenas recompor perdas salariais. Por outro lado, a economia, apesar de ter um crescimento abaixo do que a gente gostaria, vem crescendo. Esses efeitos são cumulativos: há três anos tem-se aumento da atividade econômica e no primeiro semestre de 2007 houve uma aceleração. Isso acaba se refletindo nas negociações?. Segundo ele, percentuais de aumento acima da inflação não resolvem os problemas dos trabalhadores, já que são aplicados sobre salários baixos, e só ao longo do tempo haverá um impacto maior na remuneração.
?Os salários são muitos baixos e o impacto desses ganhos reais não vai resolver a situação de penúria de alguns trabalhadores. Não quero dizer com isso que os ganhos reais não sejam importantes. Com uma economia com preços razoavelmente controlados, ao longo do tempo isso faz surgir um efeito importante?.
De acordo com o Dieese, os trabalhadores da indústria foram os que tiveram as melhores negociações salariais no semestre. Em 93% foram garantidos reajustes acima da inflação, com até 3% de ganho real nos salários. Segundo Jager, os números refletem o aumento do dinamismo da produção industrial de janeiro a junho.
No comércio, 85% dos reajustes ultrapassaram a taxa de inflação. No setor de serviços, o percentual foi de 82%.
De acordo com o supervisor do Dieese, as Regiões Norte e Nordeste tiveram acordos influenciados positivamente pelo aumento do salário mínimo nacional.
?Em geral, os salários pagos nestas regiões são mais baixos, por isso elas são mais afetadas pela elevação do salário mínimo, que tem crescido em percentuais consideráveis. Muitas vezes ele até arrasta os salários, já que ninguém pode receber menos que o mínimo, e quem está próximo dele tem um argumento forte para reivindicar alguma coisa diferente, é uma espécie de farol nas negociações".
O levantamento também mostrou que, em 97% dos casos, os aumentos salariais foram pagos de uma única vez.