Os ?quarentões? estão em alta no mercado de trabalho. No ano passado, as pessoas com idades entre 40 e 49 anos foram as que mais contribuíram para o crescimento do número de empregados formais. É o que mostra o resultado da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2004, divulgada esta semana pelo Ministério do Trabalho. De 1.862.649 vagas abertas em 2004, 411.925 foram ocupadas por trabalhadores dessa faixa de idade. Nenhuma outra faixa etária da pesquisa obteve tantos empregos como essa.
Brasília (AE) – ?O que tenho visto na prática é que, com o crescimento, as empresas foram buscar trabalhadores veteranos para recompor seus quadros?, disse o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ao arriscar uma explicação para esse fenômeno. A avaliação de Marinho foi corroborada pela coordenadora do Observatório do Mercado de Trabalho do ministério, Paula Montagner. ?O aumento do emprego nessa faixa de idade é típico de anos de crescimento econômico?, afirmou. ?Tivemos o mesmo fenômeno em 2000.?
Marinho avaliou que, nos últimos anos, a economia teve um desempenho fraco, registrando queda ou ?andando de lado?. Nesse quadro, disse ele, as empresas investiram pouco no treinamento de mão-de-obra. Quando a economia retomou o crescimento em 2004 (a taxa de aumento do Produto Interno Bruto foi de 4,9%), as empresas se viram na necessidade de ampliar a produção. Na falta de empregados qualificados, a saída foi buscar os ?veteranos?, que em parte já estavam fora do mercado formal.
Mea culpa
A pesquisa Rais mostra também que, em 2004, 33.750 pessoas com idade entre 16 e 17 anos conseguiram um emprego formal. Apesar do número pequeno em termos absolutos, foi um aumento de 12,66% sobre 2003. O número, disse Marinho, é resultado do programa Primeiro Emprego.
?Ficou consolidada na sociedade a visão de que o Primeiro Emprego não deu certo e o governo assume a culpa nisso?, disse o ministro. Ele explicou que o programa envolve várias ações, mas o próprio governo só fez propaganda de uma delas, que é o pagamento de uma subvenção a empresas que ofereçam o primeiro emprego aos adolescentes. ?Foi justamente essa ação a que menos deu resultado?, admitiu. Nos 30 meses de existência do programa, foram criados apenas 60 mil empregos por conta dele. Já outras ações, como o Consórcio Social da Juventude, efetivamente contribuíram para encaminhar adolescentes ao mercado de trabalho. ?No governo Lula, colocamos mais de um milhão de jovens no mercado de trabalho?, afirmou.
A pesquisa Rais também constatou que em 2004 o emprego só diminuiu para as pessoas com baixo nível de escolaridade. Para as pessoas com instrução até a 4.ª série completa, o saldo de empregos foi negativo, enquanto houve crescimento para todas as outras faixas. Paula disse que os números mostram, em primeiro lugar, que pessoas com escolaridade acima da 5.ª série ainda têm oportunidade de encontrar emprego. Além disso, na sua avaliação, os dados revelam dois fenômenos. Por um lado, os empregadores estão mais exigentes e conseguem ocupar suas vagas com trabalhadores mais bem treinados.
Por outro lado, a queda no emprego nas faixas menos instruídas pode indicar um dado positivo: os trabalhadores estão voltando à escola e melhorando seu grau de instrução. Assim, por exemplo, um operário com 4.ª série que tenha voltado para a escola sai da faixa de trabalhadores até a 4.ª série e entra na faixa de 8.ª série incompleta. A estatística sugere que se perdeu uma vaga na faixa mais baixa de educação, mas na verdade foi o trabalhador que mudou de faixa. Paula explicou que a Rais não entra nesse nível de detalhe, mas há evidências empíricas de que os trabalhadores estão melhorando seu grau de instrução.