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Luzineide Demico, Jucimar Aparecida da Silva e Claudio Piovisana: “não dá para economizar no café”. |
Em qualquer livro básico de economia é possível encontrar que uma das funções do preço é segurar a demanda, mas há um grupo que contesta isso, os apreciadores de café.
Essa turma que motivou a proliferação de espaços para o consumo dessa iguaria e até o desenvolvimento de setores paralelos como o de louças e utensílios, sustenta um patamar de consumo crescente, mesmo com a disparada do preço do produto (com alta acumulada de 6,41% só em 2011), seja nos supermercados, seja nos estabelecimentos, acompanhando a alta mundial das commodities.
“Não dá para economizar no café. É um prazer do qual não abro mão”, conta a corretora de imóveis Luzineide Demico, durante uma pausa com colegas de trabalho para degustar uma das 10 xícaras que costuma tomar diariamente.
Ela se diz tão aficionada pela bebida que conta sem o menor arrependimento que já pagou cerca de R$ 20 reais por uma xícara de café de 50 ml. “Estava passeando pela Argentina e foi o melhor café que já tomei na minha vida. Lembro até hoje do aroma que me atraiu até o lugar”, recorda Luzineide, que passou dos oito aos 17 anos trabalhando em um cafezal em Presidente Prudente, no interior de São Paulo.
No Mercado Municipal de Curitiba, o consumo diário confirma que o fator preço não trava o consumo. No Nico’s Café Orgânico, onde a xícara de 50 ml varia entre R$ 3 e R$ 3,50, o consumo no dia nacional da bebida ultrapassou 70 xícaras. “No final de semana chegam a cem xícaras por dia”, relata a funcionária Michele do Rosário Campos. Já no Café do Mercado, cuja extensa variedade de grãos, permite uma gama de preços que vão de R$ 2,25 a R$ 8, as vendas durante a semana chegam até 150 xícaras por dia e, no fim de semana, ultrapassam 400 entre sábado e domingo. “O mais pedido é o Mococa que não é ácido e é um meio termo entre os suaves e os mais fortes”, revela a barista Rheide Laisla de Souza.
“O café colombiano, por sua vez, é um dos mais pedidos, devido à fama. Porém, na minha opinião, dos grãos de fora o do Quênia e o Jamaica Blue Monte são os que mais agradam o paladar dos frequentadores”, atesta Rheide, que virou barista depois que entrou no estabelecimento para lavar louça. “Não tomava café, mas aqui aprendi a gostar a ponto de virar minha profissão. Hoje, tomo de duas a três xícaras por dia”.
O especialista em pricing (gestão estratégica de precificação de produto), Frederico Zornig, aponta que um dos pontos fundamentais para se cobrar a mais pelo mesmo produto é oferecer novas experiências ao consumidor. “O empresário tem que ter a preocupação de transferir experiências novas para que o segmento que já consome tal produto se disponha a pagar mais”, defende. Segundo ele, no caso de café, situações de consumo diferentes e variedade de tipos de grãos são meios de levar o consumidor a pagar a mais.
“Deve-se cuidar com o posicionamento do negócio, do contrário, a estratégia de precificação é errada. Na rede varejista, o preço de uma mesma marca não pode oscilar tanto, porque acaba ofendendo a inteligência do consumidor. Porém, dependendo do lugar onde é comercializada a bebida, a variação de preço é legítima”, esclarece.